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sábado, 31 de outubro de 2009

Impressões sobre o filme Bastardos Inglórios




Não amei o filme.

Um filme realmente muito bom, mas o Brad Pitt não merecia tanto destaque na divulgação do filme.
O sotaque dele estava mega forçado. Parecia que ele estava num filme de comédia pastelão enquanto o resto estava num drama denso. Não pareceu coeso. Não dava pra achar graça da caricatura do Brad e do personagem Hitler numa trama tão sanquinária, pesada.
Parecia um erro, mas só Tarantino mesmo pra ousar desse jeito.
Na verdade estou meio que decepcionada.
O filme foi arrastado, umas cenas que duravam 15 minutos sem necessidade.

Pra mim o "caçador de judeus" e a Soshanna mereciam todo o destaque no filme. Belas interpretações. Passavam verdade, sentimento, te envolvia de um jeito que só boas atuações são capazes de fazer. Realmente fantástico.

Alguns definem o filme como tragicomédia, mas sinceramente é o mesmo que comer um pudim com maionese por cima. Não foi agridoce, foi bizarro. Mas tirando a cobertura nonsense do pudim, ops, do filme estava ótimo.

Achei que o Brad foi desnecessário na trama, ele estava mais na foto de divulgação porque é um superstar, um desperdício, se eu fosse ele não aceitaria ser apenas um chama público vazio e irrelevante.
Mas a questão é que funcionou. Só que comigo não.

domingo, 11 de outubro de 2009

Clássico profundo - quase que me afogo.




Estou longe de ser uma leitura ávida como meu marido o é. Sou lenta e só leio o que me interessa mesmo. A questão é que estou encantada com um livro clássico que a maioria já leu Mémórias Póstumas de Brás Cubas, lindo, mas temo não conseguir chegar ao final. Dessa vez não é porque a leitura é desinteressante, muito pelo contrário, porém com um atenuante - ela é profunda demais. Sou uma pessoa sensível, não só pela gravidez mas em geral, mas no atual estado estou um pouco pouco manteiga que o normal. esse livro fala de questões existênciais de uma maneira direta, objetiva que destroça qualquer ilusão sem ser melancólico. Parece uma faca que vai cortando a couraça e expondo a carne viva sem dó. ao mesmo tempo é engraçado, dinâmico, irônico.

Toda vez que leio algumas páginas parece que mergulho nas cenas descritas. são muitas mortes, descritas de forma real. O problema sou eu e não o livro. Não sei por que o ser humano tem crises existências, consciência. Pra que? Não alteramos as verdades absolutas, apenas temos a sensação de atrasar o inevitável. Quando alguém diz que venceu a morte acho sem sentido. Ninguém vende a morte apenas pede gentilmente pra ela esperar mais um pouquinho.

Não sei se aguento terminar o livro, quem ainda não vale a pena. Quem já teve essa experiência releia e veja como sou boba por me sentir assim.

Minha rápida experiência no teatro

Sempre fui uma pessoa tímida, odeio falar em público e não tenho dons artísticos. Não parece o perfil de alguém que sobe aos palcos. Pois é, mas a vida tem dessas coisas, devido minha profissão tive a oportunidade de atuar numa peça de teatro. Na mesma hora me interessei apesar de saber que não tenho aptidão para tal.
No início dos ensaios foi tudo muito complicado, não tive férias por conta disso. Foi puxado. Havia a promessa de se ganhar algo($$), mas ficou só na promessa mesmo. Apresentei em vários lugares até no maior teatro da cidade uma peça de cordel, teatro popular de artistas amadores.
Perguntaram se isso me levou a algum lugar, realmente não. Não ganhei dinheiro, promoção, não fiquei famosa. Mas valeu a experiência, foi legal me vestir de índia e falar dois versos, era a que menos falava na peça. Nem tudo na vida dá retorno. Esse blog por exemplo não me acrescenta muito, tenho poucos leitores mas cá estou eu digitando essas palavras toscas.
Não vou me alongar muito, deixo com vocês umas fotos dessa minha brincadeira:



quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Quem fala a verdade merece sempre perdão?




Homens famosos que pulam a cerca dão ibope e são vistos como exemplo de macho para sociedade. Escândalo? Só se for no bom sentido. Dizem que é da natureza do homem trair, então meus caros, pra que fazer voto de fidelidade? Esses mesmos “liberais” são aqueles que matam em nome da honra, que são ofendidos até a alma quando suas esposas os sacaneiam. Homem pode, mulher não. Então as mulheres vão lutar pelos mesmos direitos. Bonito. Vamos nivelar tudo por baixo, é assim que uma sociedade evolui? Se os alunos colam vamos liberar a cola logo, prova com consulta, vestibular com consulta também. Acho que foi nesse pensamento que tentaram fraudar a prova do Enem, jeitinho brasileiro, não desistimos nunca de nos dar bem seja a qual custo for. Quanto orgulho...

O David Letterman recentemente assumiu que seu pinto andou ciscando no serviço, fez isso não por peso na consciência, mas porque poderia perder alguns milhões. Resolveu ele mesmo contar. Um ato de heroísmo, é mesmo? Se um corrupto prestes a ser descoberto confessar o que fez faz dele uma pessoa melhor? Se vão me matar me suicido e viro um mártir. Essa estratégia colou pra muitos, mas pra mim não. Só provou como o cara é extremamente inteligente, sacana e o povo burro e previsível. Não vou entrar no desmérito do ato dele, isso sua esposa traída que o faça, se bem que meu ponto de visto está bem claro, mas a atitude dele com o público foi no mínimo engenhosa. O pior é que muitos vão usar esse caso como exemplo de vida achando que é assim que se faz e que se confessar depois de não ter mais chance merece perdão e aplausos. Copiar os famosos nem sempre dá certo.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Cromossomo XX? Não, cromossomo $$ !!!




Estava andando pela cidade e vi um ônibus selecionando garotas bonitas para um concurso de modelo. A fila não era pequena, também pudera mulher quando tem os atributos físicos necessários faz grana fácil seja como modelo, BBB, atriz pornô, esposa de famoso. Beleza não põe mesa mas já a cama e o bolso...
Essa é a realidade que vivemos, não vou dar uma de feminista e dizer que as mulheres se comportam como objeto. Somos livres se elas querem ser vistas como tal não há o que fazer. Mas sinceramente acho um desperdício ver o que as modelos ganham simplesmente pra andar (ops! - desfilar) numa passarela. Que benefício trazem elas ao mundo? Ta um rostinho bonito e excessivamente maquiado, corpo esquelético e só. Será que elas merecem ganhar milhões por isso?

Em minha opinião o que merece boa remuneração é aquela atividade que de fato beneficia a humanidade. Um engenheiro, médico, advogado, professor entre outros que ajudam o mundo a ser um lugar melhor, constroem algo merecem reconhecimento e salário digno. Essa futilidade toda da moda me enoja. Tantas pessoas morrendo de fome, sem teto, sem dinheiro pra comprar um remédio pra viver, pessoas sem emprego ou subempregadas que ralam pra caramba e o que ganham mal dá pra nada. Enquanto isso as lindinhas ganham pra usar uns pedaços de pano que na maioria das vezes nem vai pra vitrine pois aquilo é “arte”.

Muitos reclamam da esmola que o governo dá como bolsa família, bolsa escola, cotas, refeição a um real dizendo que isso não estimula o povo a trabalhar e ganhar o seu com dignidade. Mas por que os pobres é que precisam sofrer? Por que são feios? Por que não tiveram a sorte de nascer numa família abastada? As meninas que se vendem por aí não se sacrificam muito PA ganhar dinheiro, elas apenas empinam o nariz colocam uma pano artístico ou se despem por completo aparecendo nas revistas masculinas. Ganhar a vida na horizontal é o que há de mais digno? Sinceramente, prefiro as prostitutas, não que eu apóie, muito pelo contrário, mas pelo menos escracha logo, sem hipocrisia, sem eufemismos de chamar pornografia de arte.

Não sou feminista, nem é discurso de feia recalcada, posso ser talvez um pouco machista, acredito que o homem tem certa superioridade biológica sobre a mulher, afinal eles sofrem menos (não menstruam,, não passam pelas dores do parto, menopausa...). Toda vez que transa tem quase a absoluta certeza que irá gozar ou ao menos ejacular, já mulher nem sempre tem garantia do orgasmo, homens podem ter filho enquanto tiverem saúde, já mulher tem prazo de validade vem seus ovários o que justifica muitas vezes o grande número de coroas se casando com novinhas. Mulher é mais cobrada esteticamente e por aí vai. Ser mulher não é fácil, não acredito na igualdade dos sexos porque simplesmente a natureza nos fez diferentes. Eu respeito o pênis como dizia Tom, Cruise no filme Magnólia, mas não acho que eles devam dominar nossas vaginas. Não concordo com o abuso do poder dos homens, agressão, estupro, sexismo entre outros. Acho um absurdo a mulher se rebaixar a tal ponto e muito pior a sociedade pagar pela futilidade de ver uma mulher photoshapa, lipoaspirada e cheia de silicone nas revista, nem beleza natural é!

Pessoas burras, sociedade injusta!

domingo, 4 de outubro de 2009

Olimpíadas 2016




"Yes, we créu!"

Isso mesmo Rio sediará as olimpíadas. Não moro na cidade maravilhosa mas sou uma fluminense, apenas 4 horas de estrada e estou eu pisando no céu que é o Rio de Janeiro. Não acho ruim as olimpíadas serem aqui, afinal festa sempre é bom, mas que custo? Primeiro, aviso que não sou lá a das mais patriotas e tenho uma certa aversão a esporte como um mega evento. Pra mim o esporte deve fazer parte da vida de TODAS as pessoas e não como mero entretenimento. Ver o campeão ganhar uma medalha não muda a vida de ninguém, já o indivíduo ir lá e se exercitar vai beneficiar efetivamente sua saúde física e mental. Momentos de euforia e nacionalismo exacerbado é o mesmo que fanatismo religioso que muitos criticam. Parece que estão todos cegos. Não sinto orgulho algum pelo Brasil ter sido escolhido. O Rio é bonito sim, mas a parte feia é muuuuito feia. Pra sustentar aquelas maravilhas muitos tem que sofrer e isso ninguém quer ver.

Turismo é bom, melhorias no transporte também, segurança garantida por um mês é muito legal, mas e depois? O que teremos? Sim, teremos mais estádios. Talvez um trem bala, asfaltos lisinhos, mas quanto será o pedágio? Quanto a mais teremos que pagar em impostos? Quem usará esses espaços esportivos, como será gerido?

Pensando bem, medindo os pós e contras não vejo motivo pra felicidade em ter as olimpíadas aqui. Sim, isso não é novidade vindo de mim. Não que eu seja muito pessimista, mas tô cansada de alienação coletiva. Temos como prova o que aconteceu nos últimos tempos. O PAN foi nosso e o que melhorou de fato? bem, eu fiz uma apresentação na minha escola sobe o tema, e aí? Os jovens, idosos, crianças estão nadando nas piscinas, jogando nos estádios? Povo, acorda!!!! Quanto ingenuidade...
Mas quando chegarem as olimpíadas gostaria muito de assisti-la pelo menos a abertura. Acho um bom evento artístico, mas que não vale a pena na minha opinião não vale. Espero estar errada.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Mais bonito de longe, será?

Os pais sempre perdoam os filhos, bem, geralmente é assim que funciona. Por mais que o filho apronte, grite, fale desaforos os pais perdoam, afinal é pra isso que eles servem. Amor incondicional. O interessante é que o outro lado da moeda também pode ser recíproco de uma forma peculiar nesse sentimento irracional. Mas aqui não está em jogo o maltratar, mas o pior de todos que é o oposto do amor, o desprezo.

Infelizmente é comum os pais não assumirem seus filhos, não falo apenas financeiramente( já que isso é algo que se pode recorrer), mas emocionalmente falando. Não critico muito os homens por isso, até entendo. Não é fácil para eles se afeiçoarem a um outro ser. Eles não passam pela gestação, não sofrem com enjôos, não sentem o bebê mexer dentro deles, não são bombardeado por uma renca de hormônios que estimulam o amor como acontece com as mulheres. Mesmo com todo esse arsenal biológico muitas mulheres rejeitam seus filhos, os abortam enquanto ainda são imperceptíveis ao olho nu, os abandonam quando nascem ou os tratam mal como se fosse um estorvo. Filho indesejado é um problema aceitar e muito mais difícil pro homem. Dos animais em geral o ser humano e um dos poucos em que o macho cria seu filhote, a maioria deles só participa da concepção e a fêmea que se vire no máximo conta com a ajuda do grupo não do pai biológico da sua cria. Mas mesmo assim os homens quando querem são excelentes pais, mas o desejo da paternidade parece valer mais do que o sangue que o filho tem.

Talvez sejam nesses argumentos acima que os filhos pensem ao perdoam seus pais ausentes. A maioria dos que são criados sem a presença paterna idealiza seu pai,perdoa de certa forma seus erros e anseia por um relacionamento mesmo depois de todo abandono. Esse sentimento parece ser maior nos filhos que não conviveram com os pais, os que tiveram sempre por perto são mais o estilo revoltado, apontam os defeitos do “velho” que os criou, que foi muito permissivo ou que foi muito durão. Mas o pai ausente não, ele é perfeito, apenas não o criou, apenas rejeitou seu filho no momento em que ele mais precisava de apoio e carinho, apenas foi viver sua vida sem se importar com o destino do seu espermatozóide fertilizado que crescia por aí. Dizem que o silêncio vale mais que mil palavras, o abandono também. Você pode fazer filhos ganhar o mundo lá fora que depois seu filho vai querer te conhecer, vai te pedir um colinho mesmo depois de velho e você vai colher o amor que nunca plantou.

Não que isso seja uma regra, há os filhos que desprezam na mesma medida os pais que os desprezaram, mas não é tão comum como se esperava. O coração é estanho, as pessoas não sentem com a lógica, mas como crianças que criam suas fantasias e acreditam nelas, sentimentos são assim mesmo.

Acho muito injusto o que os homens fazem aos seus filhos. Não fui abandonada pelo meu pai mas sei que se tivesse sido iria sofrer muito. Talvez eu esteja julgando o mundo pelo meu modo de ver as coisas, talvez alguns não se importem em terem sido abandonados, mas na verdade não acredito nisso. Se não se importa por que procurar o pai depois que cresce? Perdoar quem nunca fez por onde? Dar o que não recebeu? Não dá pra entender, não me parece justo, mas o mundo não é justo. Sim, eu julgo demais as pessoas, também me julgo por isso. Estou errada em ser assim, mas eu me perdôo, perdôo os outros por serem o que são . Me perdoem também, obrigada.

sábado, 29 de agosto de 2009

Fim de série

Hoje acabou uma série de tv que acompanho a muitos anos, Scrubs. Chorei muito no final. Típico de minha parte. Não que eu chore por qualquer coisa, mas dessa vez não deu pra segurar mesmo se quisesse.

Não vou falar muito dos detalhes da série. Pra mim foi a comédia mais emocionante de todas, o fantástico mais real. Somando a essas qualidades marcantes Scrubs acompanhou boa parte de minha vida de maneira profunda e tocante, foram boas risadas, insits, momentos emotivos que se suavizavam pela piada que é a vida. Reconheci ali muito de mim e do mundo, o formato bobo cheio de conteúdo penetrou em mim sem perceber, trouxe simpatia e empatia. Meia hora em que saímos do mundo e viajávamos nas alucinações dos personagens.

Mas não é só isso, como se fosse pouco. O fim da série me fez sentir que o tempo passa. E isso dói. E que bom que dói pois quer dizer que significou algo, que foi bom e tocou profundamente. Não que tudo tenha que ser provisório, mas a mera passagem do tempo é algo que pode causar melancolia, não que o hoje seja ruim mas que foi importante.

Apesar de todo choro e aperto no peito não estou triste, gostaria que essa série continuasse mas os atores devem ter coisa melhor pra fazer. Ficou na saudade, gravada em minha memória. Espero que coisas boas continuem a serem produzidas, coisas que me apaixonem intensamente. Sei que não é fácil, estou bem mais seletiva e não é qualquer besteirol que penetra fundo em mim.
Agradeço a oportunidade de ter acompanhado essa série, acrescentou bastante em minha vida e hoje me despeço dela já sentindo muitas saudades.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Imperfeito sim e com orgulho

Ninguém é perfeito. Essa é a frase típica que usamos pra desculpar nossos deslizes. O perdão é nobre, quem ama perdoa. Vivemos num mundo onde tudo é relativo e não existe certo nem errado. Com esse princípio moral estamos construindo nossa sociedade. A partir daí estamos educando as crianças de hoje, onde julgar é errado, pois todos têm seus erros, onde as regras existem para serem quebradas porque afinal o proibido dá mais prazer.

Começo com essas constatações óbvias porque cada vez mais observo isso no mundo e vi que aparentemente r essa realidade veio pra ficar. As pessoas não têm limites e como não os tem não conseguem transmitir a ninguém. Essas que vivem no ‘liberou geral’ são no mínimo as menos hipócritas, vivem de fato no que acreditam e não dão a receita de algo que não tomariam para si. O pior são os que arrebanham ingênuos com a promessa de algo que não, acreditam pra poder tirar vantagem. Assim é muitas das religiões, pregam a justiça, honestidade, mas fazem o contrário em suas vidas e em relação com os seus fiéis.

Muitos por constatarem essas falhas no âmbito espiritual simplesmente descreram de tudo. Não apenas dos mitos, deuses, céu, anjos e afins, mas simplesmente desacreditaram na capacidade do homem ser bom, honesto. A falta da idéia de um castigo faz com que as pessoas ajam da pior maneira possível: “ninguém ta vendo o que é que tem? O que é que tem pegar oi que é do outro? Deus não vai me castigar” ou pior “Deus perdoa”. Não se fala aqui e obedecer as regras cegamente sem questionar, mas isso vai muito além, estamos falando da absoluta ausência de caráter, ética, respeito, moral.

Com isso temos cada vez mais marginais, ladrões, vigaristas, pessoas que não tem a mínima ética e comprometimento consigo mesma muito menos com a sociedade. O que vemos então é um mundo onde ninguém pode confia em ninguém. Não se pode confiar na palavra de uma pessoa, caráter é uma palavra em desuso, démodé, talvez caia bem num discurso inflamado mas sem significado real nos dias de hoje.

As pessoas com isso estão cada vez solitárias, revoltadas. Não vivemos em sociedade a toa. Precisamos um do outro, precisamos dos nossos desconhecidos, dos nossos amigos, familiares. Mas esses quase em sua totalidade não são confiáveis. Quem se ilude com a reciprocidade das relações muitas vezes acabam decepcionados, amargurados, feridos. Estamos vendo uma multidão de pessoas que tem como companhia a solidão de relacionamentos sinceros. A tecnologia pode nos fazer mais conectados, mas de que adianta trocar informações se elas na maioria são inverídicas? Falta sentimento, solidez. O bom desse distanciamento é que geralmente nunca sabemos se é verdade ou não e o não saber nos permite criar um relacionamento virtual imaginário o que pode ser por vezes mais satisfatório que a realidade dura.

E a falta de toque, abraços, afeto? Como viver sem? Pra isso nós demos um jeito, inventamos o “ficar”, se você está carente pode pegar quem quiser. O sexo casual não é apenas a manifestação da libido, pois, convenhamos para se satisfazer basta usar as mãos, mas o outro é necessário pra saciar a fome de interagir, de se sentir e ser sentido e o sexo é a forma que se tem em ter esses momentos de fantasia (nem sempre sexuais) realizados. As prostitutas relatam que nem sempre seus cliente querem apenas sexo, muitos querem desabafar, conversar, mas não confiam em ninguém, então pra não se decepcionar e ter seu momento de intimidade completo mesmo que falso pagam uma prostituta, ou como fazem atualmente ficam com alguém que nem se sabe o nome e nunca mais procuram ou procuram apenas quando a carência bater.

Temos também aqueles que se perdoam sempre. Fazem as coisas erradas, sentem até um gostinho amargo pelo que fizeram, mas conseguem lidar bem com suas falhas e até se orgulham delas. São aqueles que sabem que não é o ideal, mas até que vale a pena, o prazer de errar supera a culpa e a culpa é sanada rapidamente pelo auto perdão pois afinal humanos erram...

Não sei como a sociedade evoluiu até aqui. Nem sei se posso chamar isso de evolução. Se agora os erros não serão corrigidos o que teremos no futuro? Se ninguém confia em ninguém e a depressão cresce exponencialmente o que teremos? Todos serão dependentes do prozac, deveriam logo liberar todas as drogas. Cada vez que o mundo perde sua humanidade nos tornamos dependentes de substancias químicas pra suprir nossas carências e fraquezas.
A falta de sentido em tudo e em todos tornou tudo perigosamente fugaz. A vida não vale muito, morreu acabou vire a página; fazer o outro sofrer não pesa a consciência de ninguém, faz parte; o mundo é dos mais espertos e assim vai se levando. Levando pra um futuro que se continuar assim vai ser cada vez mais difícil de se viver.
Pode até parecer que essa é a opinião de um velho moralista dono da verdade. Provavelmente essa crise de valores em que vivemos hoje é uma resposta a toda repressão vivida anteriormente. Estamos vivendo no extremo inverso. Assim como a verdade absoluta pode ser danosa a relatividade absoluta também.

Queria terminar com uma mensagem de esperança, otimismo. Estou procurando algo que me leve a crer que isso seja possível. Enquanto busco posso adiantar que o futuro depende de nós (soou como um clichê, mas eles têm sua validade). O mundo mudou tantas vezes por quê ele se estagnaria aqui? A História não acabou, disse alguém. Mesmo que não haja muitos motivos para esperança é importante acreditar se quisermos continuar vivendo, talvez seja mais uma ilusão, mas o que não é ilusão nessa vida? Se a ilusão nos faz viver felizes, se ela coloca ordem nas coisas que seja bem vinda. Melhor uma ilusão do que a essa realidade em que traz confusão, tristeza, medo e solidão. Não disse nada de novo, só comentei o óbvio que a muitos incomoda, a inércia que nos faz contemplar tudo como se fosse um quadro se esquecendo que nós fazemos parte dessa pintura e que nós podemos alterá-la. Será que podemos ou queremos?

domingo, 18 de janeiro de 2009

Olhar prá trás

Ultimamente tenho assistido a uma sequência de filmes e séries com moribundos. Pessoas que sabem que vão morrer e como lidam com isso. Aquela resignação, o desespero, a falta de esperança, o nada, a solidão de deixar de ser você.

Não que eu tenha procurado por eles, mas eles me encontraram. Se fosse outra pessoa talvez passasse batido, mas comigo é diferente. Sempre tive uma relação complicada com o ciclo natural da vida do nascer, crescer envelhecer e morrer e saber que a morte pode acontecer antes mesmo de nascer e que no final ela sempre te pega. Parece a única coisa real. Lutamos contra uma inimigo que já nos venceu e apenas adiamos o inevitável.

Não pensar nisso é o melhor a fazer, mas de certa forma essa consciência nos dá um chão, só que o que tememos mesmo é que esse chão nos devore e que desçamos ao nível subterrâneo que é comer capim pela raiz.

Reflexões sobre a vida a parte, agora nesse momento estou pensativa com tudo isso, principalmente depois de assistir "O Estranho Caso de Benjamin Button". Ele mostra a vida de uma forma tão cinzenta que com certeza é o olhar de um velho que já viu de tudo e perdeu toda a ilusão e como desistiu de lutar contra o que não tem como ganhar simplesmente se rende e espera seu fim, esteja ele perto ou a 90 anos.

Já vi muitos filmes de morte mas a ausência deste felicidade dele é contagiante. Talvez porque o protaganista viveu sua "infância" na velhice tenha adquirido uma sabedoria que o impedisse de viver as ilusões como se fossem eternas. Talvez o pior de tudo seja a consciencia do fim. Seres humanos são amaldiçoados por saberem disso e nada poderem fazer. O fato de se encarar a verdade não quer dizer que se irá vencê-la ou que irá lidar melhor com sua vida. Talvez simplesmente sirva de sofrimento.

Admiro os animais. Observo os cães e gatos sentados no meio de uma tarde, ali olhando o nada, descansando, sem pensar em nada, sem crises existenciais. Simplesmente esperando que algo atice seus instintos como um feromônio que indique que há uma fêmea no cio, ou um cheiro de comida. Simplesmente vivem e lutam pela vida. Quando envelhecem sofrem como nós, não pela expectativa da morte mas pelas dores físicas, falta de disposição, cansaço generalizado. O pior são os que agonizam antes de morrer. O triste disso é que mesmo esses doces seres inocentes sofrem isso e que nós seres superiores estamos sujeitos às mesmas mazelas só que sabemos disso e podemos nos consolar com a morfina ou a esperança de um céu. Alguns nem isso eles têm.

Outra coisa que me perturbou foi a perda cognitiva que acontece com a idade. Deixar de ser você enquanto ainda está vivo. Deixar o cérebro morrer pra não ver o próprio fim. Triste. Talvez não, seria pior saber que quando se fechar os olhos nunca mais se abrirá? Deixar de ser você. Abandonar nosso eu. Não se lembrar do que foi, do que sentiu, das coisas que fizeram você ser quem é. Talvez a perda da memória seja a primeira morte e a última. Você esquecer de você mesmo e os outros esquecerem de quem você foi. Sempre iutamos pela nossas memórias, sobre como nos verão, mesmo depois que isso não importe mais pra nós., pois o nós, o nosso eu, não estará aqui pra receber nenhum aplauso, nenhuma glória.

Talvez eu esteja aqui tentando me eternizar. Esses pensamentos estão na minha cabeça, não tenho porque colocá-los aqui. Não há um objetivo específico. Talvez seja esse, registrar em algum lugar o que sou, como vejo o mundo e talvez algum dia quando eu deixar de ser eu alguém possa saber quem fui, não que alguém vá fazer isso com certeza, mas essa possibilidade, talvez ela de certa forma impulsione não apenas a mim, mas muitos a continuarem com seus bolgs diários, com seus auto retratos, formas de eternizar não pra si mesmo, mas pro mundo e o pior é que esses registros pela quantidade existente vão ficar esquecidos, perdidos entre tantos como revistas velhas que guardam e não se lê. No final tudo vira pó. Exceto alguns que viram conto de fadas, mitos, mas na maioria das vezes a verdade mesmo se foi e o que fica são versões convenientes de quem se apropria da história.

Algum dia alguém pode se interessar por isso aqui: meus filhos, netos e bisnetos venham aqui, mas na verdade quero contar tudo pessoalmente, quero que eles me sintam, me percebam, leiam em meu olhar, ouçam o tom da minha voz, observem minhas atitudes e vejam a minha verdade. A escrita pode enganar, posso estar aqui contando algo que não sou, uma personagem, uma fantasia, posso estar plagiando um autor desconhecido, tantas possibilidades...

No mais posso apenas desejar momentos eternos e profundos em si e no seu sentido. Sucessão de presentes embrulhados num papel bonito e que seu desembrulhar seja sempre uma satisfação. Que a saudade me faça rir e não chorar, que o dia de hoje seja uma benção e que haja esperança no amanhã mesmo que esse seja apenas um sentimento e nada mais. Que amadurecer seja doce e quando começar a passar do ponto que não venha acompanhado do amargor e azedume característicos da podridão, mas que apenas o gosto se modifique mas mantendo suas características originais. E principalmente o orgulho de olhar pra trás e dizer que amei e fui amada, enfim fui feliz.

Herói

Por qual causa você seria capaz de morrer? Paz na terra, cura da AIDS, fim do capitalismo, meio ambiente? Jesus morreu por nós, mas será que se Ele não soubesse que ira ressuscitar no terceiro dia faria o mesmo?

Não estou falando aqui de defender uma bandeira, colocar um adesivo no carro ou aplicar um daqueles discursos politicamente corretos em que todos repetem jargões. Estou falando de amor por uma causa, de sacrifício em prol daquilo que se acredita e não naquilo em que se pode lucrar em nenhum aspecto.

Sem dúvida se somos o que somos atualmente é graças aos inúmeros heróis que colocaram seu ideal na frente de tudo, lutou por ele como uma questão de honra, onde as ideologias não eram discursos vazios de hipócritas medíocres, mas de apaixonados idealistas. A maioria destes morreu sem ver seu sonho se realizar. Morreram sem saber como o mundo iria se lembrar deles ou se sua luta foi em vão ou não.

No trágico 11 de setembro muitos morreram. Tirando as vítimas inocentes quem morreu ali se sentia um herói. Os terroristas suicidas que se sacrificaram sonhando com um céu repleto de virgens, tendo a convicção que estavam fazendo a vontade de seu deus, defendendo o seu povo e lutando bravamente por isso. Os bombeiros que morreram tentando salvar vidas. Muitos enfrentaram perigos sabendo que não seria possível sair bem daquela situação, mas eles não recuaram, foram até o fim, morreram por isso, por um ideal. Podem dizer que comparar um terrorista matador com um bombeiro que salva vidas é inconcebível, mas no fundo todos eles estavam agindo por um ideal, nas suas consciências estavam certos. Fazendo cada um a vontade de seu deus.

Nas guerras o mesmo acontece. Tantos soldados de um lado como de outro morrem. Ambos lutam pelo seu país. Acreditam naquilo. Os representantes do país vencedor que morrem são heróis, já os nativos do perdedor são peças de um jogo fracassado, não têm identidade. Quantos morreram acreditando nas teorias nazistas? Sim, nós os condenamos, mas na época era o certo. Essas pessoas hoje são vistas como monstros, pessoas que simplesmente tiveram o desprendimento de acreditar em algo mais e morrer por isso. Sonhavam com um mundo melhor a sua maneira. Estavam errados, hoje a história nos mostra isso, mas eles nunca saberão disso. Morreram da mesma forma que Tiradentes, se julgavam heróis, talvez almejassem ter um dia do ano em sua homenagem, um feriado nacional, estátuas em praça pública, ter seu legado eternamente lembrado.

Mas isso tudo pra quê? Por que ser eterno na lembrança de quem nem ao menos sabe de fato quem foi. Se é assim é só investir em marketing pessoal, ter uma boa assessoria de imprensa, fazer atos de caridade PÚBLICA, adotar uma criança africana e pronto. Mas, morrer. O que vale a vida, o que vale a sua vida?

Não acredito mais em heróis nos dias de hoje. Observem que a maioria deles nos contos de fada ainda vive na idade média. E todo herói usa um disfarce, não pode misturar vida pessoal com seu legado. E o mais importante, heróis nunca morrem. Mas na vida real não há roupa fantástica com cueca por cima do uniforme, não há super poderes e os heróis morrem e muitas vezes são visto como vilões.

Talvez seja por isso que a hipocrisia reine. Por mais que saibamos de tudo isso gostamos da historinha de lutar por ideais e blá,blá, blá. Sabemos que é tudo um enorme jogo político, palavras vazias, frases de efeito, interesses ocultos que nem precisam de tanta camuflagem assim, afinal somos civilizados, entendemos a nossa necessidade de nos iludir conscientemente.

Mas o que realmente me preocupa é que o mundo de fato continua precisando de heróis. E eles estão extintos. Não vejo esperança, apenas ilusão. E se alguém se levantar e disser que quer salvar o mundo, infelizmente serei a primeira a perguntar: será que vale a pena? Será?

Construção

Quem me conhece sabe que não gosto de mudanças. Sou uma pessoa bem sistemática em se tratando de uma desorganizada nata. Acho que não sou bagunceira, apenas fui me acostumando com as coisas estarem fora dos seus lugares, com a espontaneidade de jogar uma roupa no chão, o prato displicente na cozinha, a roupa se aglutinando suavemente no cesto, a poeira enfeitando o chão, o cheiro natural dos nossos porcos vizinhos. Tudo assim muito trivial e belo...

Não gosto de quando mudam as estações. Principalmente da primavera para o verão. Quer queira ou não, as desconstruções acontecem. Fui muitas pra chegar a ser eu e nem sei quantas serei pra ser alguém que deixará de existir. Bem, isso é com todos nós. Quando é que chegamos num determinado período e dizemos, pronto esse sou eu, cheguei até aqui? Podemos falar que é na idade adulta, mas mesmo assim mudanças gradativas vão acontecendo. Caminhamos para o despenhadeiro da velhice. Será que é lá que encontramos todas as respostas? Quando não restam muitas ilusões, onde a maior parte das vaidades se foram, onde nos encontramos com tudo que fomos sem forças e nem tempo pra se reinventar. Talvez se vivêssemos eternamente continuaríamos sempre deixando de ser quem somos pra ser outro alguém, melhor de preferência, ou pior.

Como qualquer mortal me reconstruí algumas vezes. Não é fácil, confesso, principalmente para mim, que sou como sou. Mas digo que minhas construções por piores que tenham sido me serviram pra algo. O melhor é quando a gente se desconstrói e se reconstrói e se reafirma. Essa eu chamo de limpeza, aperfeiçoamento, evolução enraizada.

Dizem que o segredo pra ser feliz é o desapego. Discordo. Então feliz é aquele andarilho, que tudo ou nada ama. Que tem vários amigos, mas nenhum em especial. Que não precisa de ninguém e se dá bem com todo mundo. Aquele que transa com todo mundo, faz vários filhos e sai pelo mundo afora sem se apegar a nada. Que não tem nome, mas apelidos sazonais. Aquele que vive trocando de emprego, de cidade, que não tem raiz. Que não sente saudade, nem ciúme. Esse nem à sua vida tem amor. Tanto faz, tanto fez. Dizem que esses são felizes, até acredito, os hipócritas e vazios estão aos montes por aí. O budismo pode não defender essas coisas, mas analisando friamente apenas o lance do desapego é por aí mesmo.

Em resumo, se você tem uma casa boa cuide dela, faça reformas, uma pinturinha, aumente-a, faça um segundo, terceiro andar. Se não tem, invista numa. Agora viver de aluguel é furada.

Boa obra!

sábado, 17 de janeiro de 2009

Desencanto imprevisto

Sabe aquelas situações em que você sabe que deveria estar sentindo determinada coisa e na verdade não se sente nada daquilo que manda o script? Pois é, essas situações podem acontecer na vida de qualquer um. Nos vemos obrigados a atuar nesses momentos ou passar por inapropriado na sociedade. O pior não é quando nós não nos comportamos como os outros esperam, mas quando você percebe que suas próprias expectivas são frustadas, como comprar um sanduíche nesses fast food e ver que o tamanho real deles é bem aquém do que você tinha em mente.

Muito do que esperamos da vida é ditado pela sociedade, impressos em nossas mentes pelos filmes, novelas, músicas, o "todo mundo diz". Construímos nossas expectativas a partir disso, formamos nossos sonhos, cristalizamos padrões para o que nem sabemos como será. A formalização dos sentimentos, como se tudo fosse previsto, o que deve ser para ser considerado normal.

Lembro do meu primeiro beijo. Foi a coisa mais frustrante que já fiz. Na época tinha 13 anos e queria saber como era beijar, afinal nos filmes sempre tinham aquelas cenas molhadas onde o casal grudava os beiços e rodava a cabeça com uma música melosa no fundo. Toda novela tem aqueles beijo dos mocinhos em que as televiciadas suspiram de emoção. Beijo portanto parecia ser a coisa mais encantadora, mais gostosa que há. Talvez, pensava eu, seja mais gostoso que sorvete, ou melancia, ou aquele biscoito que eu amava na época. Beijo deve ser bom demais! Na minha curiosidade achei outra pessoa nesse mesmo desespero que queria deixar de ser boca virgem, queria saber como é. Um perguntou pro outro se queria experimentar. Bocas se encontraram, molhado. Um, dois, três; é acho que valeu. E aí? Nada. Cadê a música no fundo, as borbulhas no estômago. Cadê a explosão de sensações e sentimentos??? Pelo menos alguém gravou pra sair na televisão? Nada, nada, nada. Beijar era CHATO! Sem graça, sem gosto, melhor comer uma coisa gostosa. Lembro que pensei que as pessoas que gostavam de beijo eram ridículas e que talvez a vida não tenha tanta graça como eu imaginava. Nunca mais nos beijamos, pra falar verdade perdeu a graça.

Outros momentos de desencanto foram quando algumas pessoas conversando comigo ou perto de mim e começam a chorar e eu simplesmente não sentia nada. Nada! Sabia que não era apropriado mostrar minha indiferença, portanto tinha que fingir minha compaixão, minha tristeza solidária. Tentar colocar umas lágrimas pra ajudar a mostrar minha suposta comoção. Talvez pior do que externar falsas lágrimas seja engolir gargalhadas inconvenientes. Principalmente em igrejas ou momentos solenes sinto vontade de rir. Horrível. Quando é necessário a seriedade, corações contritos, aquela hipocrisia toda, aquela formalização me faz cair na gargalhada. Não é de propósito, não sou de provocar nem desafiar ninguém. Mas é terrível. Essas coisas me fazem sentir como sou um ser humano esquisito. Certas peculiaridades que não mostravam na TV me assustavam. O mundo não é tão simples quanto imaginávamos. Certas emoções sublimes que se imagina ter em algumas ocasiões simplesmente não surgem e outras que não constam no calendário formal surgem com toda força.

Às vezes o simples encanta mais que a pompa, o inesperado nos surpreende trazendo o verdadeiro encantamento que foge dos estereótipos tornando as coisas reais. Ver beleza na realidade é para poucos. É fácil se apaixonar por um personagem, pela idealização de um momento perfeito, pela utopia das sociedades. Essas coisas nos impulsionam a melhorar e de certa forma interfere na realidade. Mas padrões são apenas padrões, convenções de algumas pessoas que resolveram formalizar certas coisas. A ilusão é um ponto de vista da realidade ou o que esperamos que ela seja ou a fuga dela. Sempre partimos da realidade, sempre. Conseguir ver beleza nela é a verdadeira arte.

Nos meus momentos mais encantadores o que mais me marca é o silêncio. Aquele silêncio não pela falta de dizer, mas por que palavras se tornam insuficientes pra externar as sensações. Aonde a conexão vai além do que se quer expressar, mas sim no que se sente. No que vem de dentro. Esse nível é difícil de alcançar por isso é tão belo e encantador. Palavras são escolhidas, dissimuladas; não que um olhar, uma expressão não possa ser fingida, mas a mensagem enviada através do silêncio penetra mais fundo. Creio que sabemos interpretar melhor olhares do que palavras. Vivi encantos inesperados e esperados. Às vezes os padrões valem, o esperado acontece, mas estar preparado para o que vai além do roteiro ajuda muito.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Cada um com sua consciência

Antes de iniciar, gostaria de dizer que não tenho a pretensão de dar nenhuma resposta aqui, nem mesmo uma opinião formada, portanto se você quiser contribuir com algo sinta-se a vontade.

Passamos pelo Natal que é uma festa religiosa e durante todo ano temos um calendário repleto de feriados religiosos de santos disso e daquilo, nossas senhoras e os feriados cívicos. Sem dúvida a religião influi a sociedade como um todo coletivamente e não apenas individualmente. As escolas, por mais laicas que se digam, usam o discurso religioso como justificativa para afirmarem que fazem parte da cultura do povo.

O estranho disso tudo é que por sermos um país multicultural e multirreligioso as crenças se batem, uma vai contra a outra. O bom disso é que cultivamos a tolerância e isso é maravilhoso visto que muitas guerras que ocorreram foram por motivos religiosos. Mas de certa forma as religiões acabam se enfraquecendo. Vejam bem, a religião explica o mundo em sua totalidade, ela responde os porquês de quem somos, da onde viemos e pra onde vamos. Não há meio termo. No monoteísmo que é a crença predominante no ocidente só há um Deus, uma verdade apenas. Se existe x não existe y. Não tem como existir os dois e com essa noção as pessoas acabam achando que talvez não exista nada ou pior, exista tudo. Isso leva a superficialidade das doutrinas. Não que as religiões acabem, elas são necessárias, pois trazem conforto, socializam mantém a tradição, fazem parte da cultura. Mas seu lado místico acaba esmorecendo, vira apenas mais uma tradição como assistir novela, ir no futebol. É como ler um livro de contos de fadas, papai Noel para os adultos. Bonitinho, legal, entretém mas na verdade na verdade mesmo as pessoas não parecem acreditar de fato no que professa sua religião.

Sim, há os puritanos, os que realmente acreditam na sua religião, os fiéis chamados de fanáticos. Esses hoje em dia são minoria. São achados mais nas classes baixas de pessoas com pouco estudo. Não que os que tenham fé sejam ignorantes, é que muita coisa que as doutrinas diziam ser pecado caiu como tabu, preconceito, discriminação. Se você disser que é contra a camisinha, é um alienado, a maioria dos católicos não concordam com isso. Casar virgem é algo que não acontece mais como antes. E mesmo antigamente os noivos iam pro altar conhecendo os prazeres da carne, se não fosse com sua noiva era com as mulheres da vida. Ou seja o que era pecado ontem deixa de ser hoje ou é pecado apenas pra um gênero. A sociedade evolui culturalmente ao passo que as religiões às vezes evoluem, outras vezes simplesmente fazem vista grossa.

Não dá pra rasgar a bíblia e dizer que algo não está escrito. Ela não defende os gays, condena a fornicação mas os homossexuais e os fornicários (todos que transaram antes do casamento) não se acham merecedores do inferno. Matar é pecado mas matar durante uma guerra pode. Matar um criminoso em lugares em que há a pena de morte não é pecado.

Não temos mais certos e errados absolutos. Tudo depende da sua consciência. Se você acha que pode então faz. Tem gente que acha que pode roubar e não sente um pingo de remorso, os políticos devem ter esse dom, outros matam e se sentem felizes, leves e dormem feito bebês. O único erro condenável pela sociedade é julgar o outro. Se você apontar o dedo alguém vai lá e te crucifica. Quem somos nós? Devemos apenas torcer que alguém tenha uma consciência sensível para não nos prejudicar, pois se tiverem podemos ser vítimas num mundo onde não há vilões, apenas pontos de vista diferentes.

A impunidade aumenta a cada dia. A lei é para inglês ver, na realidade pouco funciona. Nossa sociedade permissiva se vende a tudo. O maior criminoso é inocentado graças a retóricas, brechas na lei que um bom advogado consegue encontrar.

Dizem que a justiça vem a cavalo, mas acho que talvez a justiça nem venha. Talvez nós a tenhamos matado quando convidamos o relativismo pra fazer morada em nosso meio.

Filhos

Por que temos filhos? Esse impulso é da auto preservação da espécie, instintivo, muitas vezes estamos correndo atrás disso inconscientemente. Disse Deus: "Crescei e multiplicai".

Hoje não precisamos mais multiplicar tanto, aliás já somos muitos, mais do que o bastante até. Mas refiro-me aqui a qual é o motivo que damos a nós mesmos pra ter filhos. Algumas assim o fazem como uma forma de "enricar", afinal engravidar de um Ronaldinho Fenômeno ou Mick Jagger não é nada mal. Outras apenas querem dar o golpe da barriga, não por dinheiro mas por amor. Tão velho quanto à natureza humana. Não condeno, afinal só cai nele quem quer e como tudo na vida precisa de um motivo, poucas vezes temos a hombridade de nos responsabilizar pelos nossos atos. É culpa do destino, acaso, Deus quis assim, às vezes não temos controle mesmo mas há momentos em que simplesmente nos encolhemos e nos entregamos a inércia.

Voltando aos filhos e suas motivações encontramos algo além de usar a barriga pra conseguir algo ou alguém. Muitas vezes o que se quer é o filho em si. Aquele serzinho indefeso, sangue do seu sangue, aquela incógnita, realizar um desejo íntimo, social, psicológico. Dizem que esse tipo de gravidez é por carência, é como ter um animalzinho, preencher um vazio. A diferença é que com animais é tudo bem previsível. Escolhendo bem o tipo e a raça você sabe bem como agir com ele pra ter o que espera. Mas ser humano não é bem assim. Tirando os primeiros meses em que todos são quase iguais (máquinas de cagar, mamar, peidar e dormir), eles são bem diferentes entre si, diferentes dos pais, ou não.

E outra coisa: eles crescem. Os animais chegam num estágio e estacionam, filhos não. É uma mutação ambulante e constante. Eles podem dizer te amo e te odeio. Enquanto crianças um ou outro não faz muita diferença, afinal eles precisam de você de qualquer jeito. Mas o que realmente diz quem eles são é quando crescem e não precisam mais de você para sustentá-lo, pra trocar suas fraldas. Aí você vai ver o que criou. Há filhos maravilhosos. Aqueles que te apóiam, que fazem com que tudo tenha sentido, que te realizam como ser humano e faz com que sua missão na terra tenha sido cumprida. Nada como o amor de um filho feito, adulto que por opção escolhe pajiar seus pais, estar com eles, segurar em sua mão assim como eles fizeram contigo quando era indefeso. Muitos depositam nos filhos suas expectativas de uma velhice segura e confortável. Já nascem com o fardo em suas mãos, a herança de ter que carregar idosos exigentes de afeto e atenção para o resto da vida de seus genitores. Mas nada mais justo, afinal, se não fossem eles você teria sido criado por um orfanato. Mas as coisas não são tão simples. Há pais e pais. Nem todos merecem gratidão, afinal bem plantaram o que agora querem colher.

De outro lado temos os filhos ingratos. Esses se multiplicam por aí. Filhos de uma sociedade imediatista que despreza o ontem e vive o hoje. Os pais foram úteis, amanhã não serão e nem hoje. Por que se esforçar em agradá-los? Não haverá retorno. Preferem viver da melhor maneira seus anos de juventude e deixar os velhos com seu passado, sua senilidade, suas dores da idade, seu vegetativo estágio de espera da morte. Dizem que a vida nem sempre é justa; pois é, sabemos disso e preferimos ser os injustos a injustiçados, não que não possamos mudar de lugar, mas pelo experimentamos os dois lados e não haverá decepção. Muitos desses filhos ingratos põem seus pais em asilos, os abandonam nas ruas, ou simplesmente os entregam a solidão de uma casa vazia vivendo debilitadamente, afogados em lágrimas onde nem um telefonema sequer de seu filho recebem, quanto mais uma visita. Pois é, eles não sabiam que a vida é injusta para alguns. Esses se decepcionaram. Muitos rezam na expectativa do céu, outros perderam a fé. Muitos deles se matam. É o mundo em que vivemos.

Será que vale a pena ter filhos? Abdicar de sua vida, muitos de seus sonhos pra satisfazer os desejos de um outro ser? Sim, vale. Não sabemos muito do futuro, mas vale a pena pela luz refletida no olhar de seu filho, pelo sorriso, pelo "eu te amo", pela sua voz ou apenas por ser chamado de mamãe ou papai. Quem sente esse desejo no coração com certeza deve assumir os riscos. Afinal nada na vida nada é garantido. Se seu sonho for ter um filho ou mais, vá adiante, realize-se, dê o seu melhor, seja feliz. Expectativas? Sim, são boas, mas saiba que tudo é possível, mas não pense no pior. Geralmente quem planta caju não colhe manga, mas nesses tempos de manipulação genética nunca se sabe. Filhos, melhor tê-los; isso é, se você quiser e tiver coragem pra tal.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Apenas o amor-próprio basta?

Independentes emocionais. Isso, não podemos precisar de ninguém, devemos ser felizes sozinhos. Primeiro se ame. O outro será apenas uma companhia. Assim comunga a sociedade moderna, assim ditam os livros de auto-ajuda. Seja você, apenas você.

Na verdade essa é a melhor forma de não se decepcionar, não esperar nada de ninguém. Criar laços superficiais facilmente substituíveis por outros. Assim fica mais fácil, menos perigoso, mais raso, vazio, medíocre.

Infelizmente nos dias de hoje as pessoas temem se entregar, não fisicamente, aliás parece que a insensibilidade emocional cresce proporcionalmente ao liberalismo sexual. As pessoas em geral, em especial as mulheres, buscam se conectar com alguém através de um momento efêmero de prazer. Algo além disso é perigoso. Se não podemos amar podemos gozar ou pelo menos tentar.

Não me espanta o aumento vertiginoso da depressão nos dias atuais. Seres humanos foram programados geneticamente para o contato humano, para laços profundos, nosso cérebro procura essa estabilidade, mas como não podemos confiar em ninguém, nos entregamos ao individualismo .

Para sermos gerados precisamos de duas pessoas, apesar da inseminação artificial e toda modernidade tecnológica é assim que as coisas funcionam. Ao nascer, o bebê precisa não apenas do alimento, mas do calor, sensação de proteção, afeto. Brincar sozinho é até legal, mas certas coisas se tornam mais interessantes em grupo. Ninguém consegue sentir o turbilhão de emoções da paixão por si mesmo. O outro desperta o melhor e o pior em nós.

Nascemos sozinhos, mas pra isso precisamos de alguém pra nos expelir do lugar que estávamos. Alguém pra cortar nosso umbigo. Morremos sozinhos, mas não vivemos completamente sós. E morrer acompanhado pode amenizar seu sofrimento, afinal ter alguém pra lhe aplicar morfina, segurar na sua mão é melhor do que morrer agonizando sozinho.

Perdoe-me se estou sendo piegas, mas não me envergonho de sê-lo. Quando é que falar de sentimentos se tornou démodé? Por acaso no lugar do coração temos um HD?

Viver sem amor não faz sentido. Se existe algum sentido na vida é este. Lembro-me de um livro que a maioria conhece que é o "O Mais Importante é o Amor". Li, gostei. Esse título parece que a cada dia se torna mais real.

Quando você está num momento de apuros e pensa que talvez sua vida acabe naquele instante você não pensa nas suas roupas, nos seus bens materiais, mas naqueles que você ama que se importam com você e é por eles que lutamos. Por isso que queremos ser lembrados, não por quem não nos conhecia, pelo menos eu não vejo sentido em alguém olhar uma foto minha e não saber de fato quem fui e não ter importância na vida desta pessoa. Não é a toa que se vendem seguros de vida e que acumulamos bens pra deixar de herança para nossos entes queridos. É um último presente, um carinho, um "não se esqueça de mim, fique bem apesar de minha ausência"

Pena que a sociedade está cada vez mais afogada nos prazeres efêmeros e perdendo os valores familiares, fraternos. Nenhuma droga, nem crack, álcool, ecstase substitui a confiança do outro, a integridade, o amor recíproco. Nada.

A liberdade se transformou em libertinagem e esta deixou muitos perdidos. Liberdade demasiada se configura abandono.

Não é a toa que o capitalismo liberal ciclicamente acaba com um caos, uma grande crise. Estamos vivendo-a seja economicamente, seja socialmente. Precisamos reavaliar nossos parâmetros. Se uma coisa não está dando certo é melhor estudar novas estratégias, afinal viver não é só acumular bens, mas sim ser feliz. Será que estamos conseguindo isso?

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O anti-feminismo biológico

Estamos vivendo uma era em que a mulher tem tantos direitos quanto os homens. Nós votamos, somos votadas - a prefeita de minha cidade e ex-governadora é um exemplo disso - somos chefes executivas, somos tudo. Nós mulheres temos o mundo em nossas mãos. Usamos roupas masculinas, temos mais opções no vestuário, saia, vestido, macacões, calças, diversos modelos de blusas, etc., e os homens no tradicional paletó e gravata ou bermuda ou calça e camiseta.

Mas parece que apesar de tanto avanço social a mulher biologicamente não mudou muito. A natureza nos fez inferiores. Sim, queridas, inferiores.

Pra uma vida ser gerada basta tão somente que o homem ejacule dentro de nós, o orgasmo feminino é irrelevante na reprodução.

Os homens podem fazer filhos até enquanto a saúde permitir. Já nós, temos prazo de validade. Depois de certa idade nossos ovários param de funcionar. Por isso que é tão comum de se ver coroas com garotas, já mulheres maduras com garotões soa estranho, irreverente, engraçado, ridículo.

Mulheres são mais cobradas quanto a beleza. Somos ainda objetos que o homem compra. As ditas decentes se vendem no casamento, as mais moderninhas se alugam ou outras bondosas simplesmente se emprestam e são devolvidas a contra gosto, pois depois de usufruir muito eles perdem o interesse.

Mulheres podem morrer ao procriar, ao homem basta gozar. Engraçado, toda parte trabalhosa, chata, perigosa da perpetuação da espécie ficou conosco. Além disso, temos os incômodos da TPM, menstruação, depilação, menopausa e afins. Ia me esquecendo, homem faz xixi em pé e nós, vocês sabem.

Apesar de tudo ser mulher é bom. Muitos nos invejam, há mais travestis homens querendo ser mulheres do que mulheres se travestindo de homens. Ser mulher, poder gerar uma vida, é encantador, divino. Mas se eu pudesse escolher pensaria duas vezes antes de ser mulher novamente.

Mentiras

Sou da seguinte opinião: a verdade é sempre melhor. Odeio mentirosos, de verdade. Me dá uma raiva os enganadores que prejudicam as pessoas e fazem com que elas percam a confiança no outro.

Igualmente odeio ditos sinceros demais. Crianças costumam sempre falar o que pensam, mesmo que isso desagrade o outro. Essa forma direta de tratamento é tão ou mais prejudicial que a mentira.

A enganação, a mentira enquanto não é descoberta geralmente é boa. O mal é quando descobrimos que aquilo não era bem aquilo. Na verdade, em suma nós preferimos a mentira, esperamos, imploramos para ouvi-la e como querer é quase poder ouvimos o que queremos e reclamamos que aquilo não é o que mostrava ser.

Pra exemplificar vamos falar dos chats em que as pessoas se descrevem sempre lindas e maravilhosas, na verdade o outro quer ouvir isso. Se disser que é feio, narigudo, pobre e dentuço o outro se decepcionará. O mesmo quando a pessoa diz que a outra tá linda. Muitas vezes a pessoa não quer uma opinião sincera, apenas um elogio. Quando o funcionário chega atrasado e mente o patrão até sabe que aquilo pode ser enrolação, mas é melhor do que ouvir que resolveu dormir mais um pouco porque a cama tava gostosa. Às vezes a verdade soa como um desaforo, pouco caso, indiferença.

As crianças clamam pela mentira, o mágico vive dela e a maioria do entretenimento é feito pela enganação. Mas aqui sabemos que estamos sendo enganados, então não há decepção. É ela que estraga a beleza da mentira. A descoberta da verdade, o de ser enganado contra a vontade.

Se te pedirem pra dizer a verdade mesmo diga, se não diga o que querem ouvir, isso parece ser o básico pra se conviver bem em sociedade. Infelizmente somos impulsionados a viver na hipocrisia, ou, digamos, num eufemismo cortês.

Nenhuma novidade aqui, apenas falando uma verdade da vida, afinal nem só de mentiras vive o homem.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Natal e Ano Novo

Todo mundo feliz comemorando o final do ano. Que bom que eles fazem assim. Afinal é o que manda a mídia, o comércio, a sociedade, as igrejas.

Já gostei de natal e ano novo quando criança, mas no fundo sentia uma ponta de tristeza. Lembro quando criança minha família sentada à mesa comendo o frango assado, meu pai ali presente, parecíamos e éramos uma família de verdade, tudo muito simples. Tínhamos que fazer como mandava a tradição, eu não gostava, mas era bom pela tentativa. Sempre gostei de eventos mais particulares, não sou de muita multidão, nisso pareço com meu marido, essas coisas começam até bem depois me deprimem.

O que mais prezo é a sinceridade dos sentimentos e isso se pode ter em qualquer momento. Falsidade me enoja. Não vou dizer que odeio o natal, apenas perdeu o sentido, mas acho bonito pra aqueles que são sinceros nos seus sentimentos e que conseguem viver essa ilusão sem hipocrisia. Mas se meus filhos disserem que querem o papai noel não vou ser uma corta-prazeres, afinal é tão bom acreditar nessas coisas enquanto se pode.

Principalmente aquelas pessoas que realmente acreditam no mistério da fé e não apenas pela tradição. Hoje em dia tá tudo muito artificial. Fingimos, fingimos, fingimos. É como numa festa a fantasia, colocamos a máscara e "vamo que vamo". Bonito era quando a fantasia era sentida de verdade, algo místico, de dentro pra fora.

Tirando os poucos que realmente vivem essas festividades no seu genuíno significado o resto é o resto. E esse resto eu desprezo.

O que vale é o DIA A DIA e não uma data em que se gasta mais do que tem por causa de uma histeria coletiva, uma emoção vendida pela mídia em que afeto se traduz em mercadoria e alegria é sinônimo de alcool e desperdício de comida.

Não queria crescer

Quando se é criança os anos parecem intermináveis, o futuro é algo além do horizonte numa aurora fresca e instigante. Sonhos. A vida nessa fase é uma grande brincadeira onde se pode ser o que quiser e no futuro ser qualquer coisa, ter a profissão mais glamourosa, viver os momentos deslumbrantes e cinematográficos. Com o tempo, com a calcificação dos ossos, com o fechar da moleira, com o nascer do ciso nossas opções vão se fechando, afinal você descobre que há habilidades que não tem e nunca terá, oportunidades que não voltam e tudo começa a se afunilar, seus sonhos começam a virar realidade e certas coisas simplesmente são impossíveis.

Não que crescer seja de todo mal, afinal a outra alternativa é morrer jovem e isso ninguém quer, pelo menos não conscientemente. Apenas sonhar sem realizar nada não é o que almejamos. Frustrações fazem parte da vida e lógico que de todos os sonhos alguns são realizáveis e esses nos fazem felizes. Mas com o tempo até as realizações sonhadas viram passado e o que se tem pela frente, bem, há momentos em que não há muita coisa. Em que temos mais passado que futuro e o que se espera dele não pode ser muito.

Suas principais escolhas são feitas na juventude, acredite isso é cientificamente provado, com o tempo seus neurônios vão enfraquecendo, seu corpo vai perdendo o vigor. Aquela máxima de que a vida começa aos 40, só se a vida for sinônimo de decadêcia. Sim, começamos a morrer quando nascemos, mas a descida fica mais intensa depois da meia idade; nas mulheres é ainda pior. Os hormônios cessam, os ovários se aposentam e ficamos assim calorentas, estéreis, menopausadas. Tudo isso todos já sabem, nada acrescento. Mas digo essas palavras nada doces pra descortinar o eufemismo da sociedade que ainda insiste em nos tratar como crianças ao nos empurrar sonhos e ideais irreais. Feliz daquele que engole isso tudo. Felizes daqueles que cultivam em si a inocência do olhar de criança. Que acredita em mentira - falarei sobre ela em outra oportunidade. Felizes são os ignorantes, pois qualquer "iêiê" sem motivo os alegra. Porque se você procurar muito sentido nas coisas pode se frustrar e ver que a fantasia é a alternativa que as crianças instintivamente usam pra terem ânimo pra viver. Pena que crescemos...

A solidez da instabilidade

O esquisito da vida é quando você percebe que o tempo está passando.

Tudo parece ser tão legal, mas nem sempre é legal pra você. Dizem que a vida é boa, que o bem vence o mal, mas as vezes chega uma hora que nada faz sentido. Nem a inocência, nem a revolta, nem a inércia leva alguém a lugar algum de verdade. Parece que andamos em círculos procurando ou sendo procurados pelos nossos vícios, somos cães que mordem o próprio rabo.

Acho que a melhor fase é a da infância mesmo com todas aquelas perguntas sem respostas, com aquela preocupação dos “velhos” em que vc não se resfrie e como os alimentos certos e que vc estude e tal. Parece que um dia vc irá entender tudo, dominará esse mundo, e que será dono do seu nariz.

Depois vem a triste fase da adolescencia. Mais perguntas, menos inocência, revolta, força, hormônios, lógica e abstrato se confundem, promessas, esperança, futuro. O tempo passa e sua revolta não te leva muito longe, das suas perguntas da infância se descobre que nunca ninguém soube responder e as respostas que vc conseguiu não são aquelas que se esperava e mudar mesmo é muito difícil tanto a si mesmo quanto mais o mundo e as coisas que um dia vc pensou fazer diferente. Parece que a garganta cansa de gritar, as pernas cansam de pular e um pouco de conforto se faz necessário pra sobreviver. Mas será possível calar a indignação sendo hipócrita e negar o que se tem de mais bonito dentro de si?

Às vezes é necessário que realidade e fantasia se confudam. Não se sabe mais o que é loucura, devaneio, certo, errado. Tudo parece ser tendência, moda, trocam da mesma forma de roupa, de dieta, de religião, de partido, de valores. Tudo é confuso e parece que sempre foi assim e sempre será. A instabilidade é a marca registrada desse mundo, onde previsões quase sempre não se concretizam e para enlouquecer as vezes acontece exatamente como se previu.

A vida é construir, desconstruir, tudo parece um castelo de areia. Mas eu insisto em usar cimento, concreto, vergalhão e construir alicerces bem fortes.

Olá

Meu nome é Arlene Mulatinho e eu quero falar. E vou falar. Espero contar com sua leitura e comentários. Seja livre para discordar, criticar ou até mesmo elogiar.

Bem vindo.