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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Mais bonito de longe, será?

Os pais sempre perdoam os filhos, bem, geralmente é assim que funciona. Por mais que o filho apronte, grite, fale desaforos os pais perdoam, afinal é pra isso que eles servem. Amor incondicional. O interessante é que o outro lado da moeda também pode ser recíproco de uma forma peculiar nesse sentimento irracional. Mas aqui não está em jogo o maltratar, mas o pior de todos que é o oposto do amor, o desprezo.

Infelizmente é comum os pais não assumirem seus filhos, não falo apenas financeiramente( já que isso é algo que se pode recorrer), mas emocionalmente falando. Não critico muito os homens por isso, até entendo. Não é fácil para eles se afeiçoarem a um outro ser. Eles não passam pela gestação, não sofrem com enjôos, não sentem o bebê mexer dentro deles, não são bombardeado por uma renca de hormônios que estimulam o amor como acontece com as mulheres. Mesmo com todo esse arsenal biológico muitas mulheres rejeitam seus filhos, os abortam enquanto ainda são imperceptíveis ao olho nu, os abandonam quando nascem ou os tratam mal como se fosse um estorvo. Filho indesejado é um problema aceitar e muito mais difícil pro homem. Dos animais em geral o ser humano e um dos poucos em que o macho cria seu filhote, a maioria deles só participa da concepção e a fêmea que se vire no máximo conta com a ajuda do grupo não do pai biológico da sua cria. Mas mesmo assim os homens quando querem são excelentes pais, mas o desejo da paternidade parece valer mais do que o sangue que o filho tem.

Talvez sejam nesses argumentos acima que os filhos pensem ao perdoam seus pais ausentes. A maioria dos que são criados sem a presença paterna idealiza seu pai,perdoa de certa forma seus erros e anseia por um relacionamento mesmo depois de todo abandono. Esse sentimento parece ser maior nos filhos que não conviveram com os pais, os que tiveram sempre por perto são mais o estilo revoltado, apontam os defeitos do “velho” que os criou, que foi muito permissivo ou que foi muito durão. Mas o pai ausente não, ele é perfeito, apenas não o criou, apenas rejeitou seu filho no momento em que ele mais precisava de apoio e carinho, apenas foi viver sua vida sem se importar com o destino do seu espermatozóide fertilizado que crescia por aí. Dizem que o silêncio vale mais que mil palavras, o abandono também. Você pode fazer filhos ganhar o mundo lá fora que depois seu filho vai querer te conhecer, vai te pedir um colinho mesmo depois de velho e você vai colher o amor que nunca plantou.

Não que isso seja uma regra, há os filhos que desprezam na mesma medida os pais que os desprezaram, mas não é tão comum como se esperava. O coração é estanho, as pessoas não sentem com a lógica, mas como crianças que criam suas fantasias e acreditam nelas, sentimentos são assim mesmo.

Acho muito injusto o que os homens fazem aos seus filhos. Não fui abandonada pelo meu pai mas sei que se tivesse sido iria sofrer muito. Talvez eu esteja julgando o mundo pelo meu modo de ver as coisas, talvez alguns não se importem em terem sido abandonados, mas na verdade não acredito nisso. Se não se importa por que procurar o pai depois que cresce? Perdoar quem nunca fez por onde? Dar o que não recebeu? Não dá pra entender, não me parece justo, mas o mundo não é justo. Sim, eu julgo demais as pessoas, também me julgo por isso. Estou errada em ser assim, mas eu me perdôo, perdôo os outros por serem o que são . Me perdoem também, obrigada.