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domingo, 18 de janeiro de 2009

Olhar prá trás

Ultimamente tenho assistido a uma sequência de filmes e séries com moribundos. Pessoas que sabem que vão morrer e como lidam com isso. Aquela resignação, o desespero, a falta de esperança, o nada, a solidão de deixar de ser você.

Não que eu tenha procurado por eles, mas eles me encontraram. Se fosse outra pessoa talvez passasse batido, mas comigo é diferente. Sempre tive uma relação complicada com o ciclo natural da vida do nascer, crescer envelhecer e morrer e saber que a morte pode acontecer antes mesmo de nascer e que no final ela sempre te pega. Parece a única coisa real. Lutamos contra uma inimigo que já nos venceu e apenas adiamos o inevitável.

Não pensar nisso é o melhor a fazer, mas de certa forma essa consciência nos dá um chão, só que o que tememos mesmo é que esse chão nos devore e que desçamos ao nível subterrâneo que é comer capim pela raiz.

Reflexões sobre a vida a parte, agora nesse momento estou pensativa com tudo isso, principalmente depois de assistir "O Estranho Caso de Benjamin Button". Ele mostra a vida de uma forma tão cinzenta que com certeza é o olhar de um velho que já viu de tudo e perdeu toda a ilusão e como desistiu de lutar contra o que não tem como ganhar simplesmente se rende e espera seu fim, esteja ele perto ou a 90 anos.

Já vi muitos filmes de morte mas a ausência deste felicidade dele é contagiante. Talvez porque o protaganista viveu sua "infância" na velhice tenha adquirido uma sabedoria que o impedisse de viver as ilusões como se fossem eternas. Talvez o pior de tudo seja a consciencia do fim. Seres humanos são amaldiçoados por saberem disso e nada poderem fazer. O fato de se encarar a verdade não quer dizer que se irá vencê-la ou que irá lidar melhor com sua vida. Talvez simplesmente sirva de sofrimento.

Admiro os animais. Observo os cães e gatos sentados no meio de uma tarde, ali olhando o nada, descansando, sem pensar em nada, sem crises existenciais. Simplesmente esperando que algo atice seus instintos como um feromônio que indique que há uma fêmea no cio, ou um cheiro de comida. Simplesmente vivem e lutam pela vida. Quando envelhecem sofrem como nós, não pela expectativa da morte mas pelas dores físicas, falta de disposição, cansaço generalizado. O pior são os que agonizam antes de morrer. O triste disso é que mesmo esses doces seres inocentes sofrem isso e que nós seres superiores estamos sujeitos às mesmas mazelas só que sabemos disso e podemos nos consolar com a morfina ou a esperança de um céu. Alguns nem isso eles têm.

Outra coisa que me perturbou foi a perda cognitiva que acontece com a idade. Deixar de ser você enquanto ainda está vivo. Deixar o cérebro morrer pra não ver o próprio fim. Triste. Talvez não, seria pior saber que quando se fechar os olhos nunca mais se abrirá? Deixar de ser você. Abandonar nosso eu. Não se lembrar do que foi, do que sentiu, das coisas que fizeram você ser quem é. Talvez a perda da memória seja a primeira morte e a última. Você esquecer de você mesmo e os outros esquecerem de quem você foi. Sempre iutamos pela nossas memórias, sobre como nos verão, mesmo depois que isso não importe mais pra nós., pois o nós, o nosso eu, não estará aqui pra receber nenhum aplauso, nenhuma glória.

Talvez eu esteja aqui tentando me eternizar. Esses pensamentos estão na minha cabeça, não tenho porque colocá-los aqui. Não há um objetivo específico. Talvez seja esse, registrar em algum lugar o que sou, como vejo o mundo e talvez algum dia quando eu deixar de ser eu alguém possa saber quem fui, não que alguém vá fazer isso com certeza, mas essa possibilidade, talvez ela de certa forma impulsione não apenas a mim, mas muitos a continuarem com seus bolgs diários, com seus auto retratos, formas de eternizar não pra si mesmo, mas pro mundo e o pior é que esses registros pela quantidade existente vão ficar esquecidos, perdidos entre tantos como revistas velhas que guardam e não se lê. No final tudo vira pó. Exceto alguns que viram conto de fadas, mitos, mas na maioria das vezes a verdade mesmo se foi e o que fica são versões convenientes de quem se apropria da história.

Algum dia alguém pode se interessar por isso aqui: meus filhos, netos e bisnetos venham aqui, mas na verdade quero contar tudo pessoalmente, quero que eles me sintam, me percebam, leiam em meu olhar, ouçam o tom da minha voz, observem minhas atitudes e vejam a minha verdade. A escrita pode enganar, posso estar aqui contando algo que não sou, uma personagem, uma fantasia, posso estar plagiando um autor desconhecido, tantas possibilidades...

No mais posso apenas desejar momentos eternos e profundos em si e no seu sentido. Sucessão de presentes embrulhados num papel bonito e que seu desembrulhar seja sempre uma satisfação. Que a saudade me faça rir e não chorar, que o dia de hoje seja uma benção e que haja esperança no amanhã mesmo que esse seja apenas um sentimento e nada mais. Que amadurecer seja doce e quando começar a passar do ponto que não venha acompanhado do amargor e azedume característicos da podridão, mas que apenas o gosto se modifique mas mantendo suas características originais. E principalmente o orgulho de olhar pra trás e dizer que amei e fui amada, enfim fui feliz.

Herói

Por qual causa você seria capaz de morrer? Paz na terra, cura da AIDS, fim do capitalismo, meio ambiente? Jesus morreu por nós, mas será que se Ele não soubesse que ira ressuscitar no terceiro dia faria o mesmo?

Não estou falando aqui de defender uma bandeira, colocar um adesivo no carro ou aplicar um daqueles discursos politicamente corretos em que todos repetem jargões. Estou falando de amor por uma causa, de sacrifício em prol daquilo que se acredita e não naquilo em que se pode lucrar em nenhum aspecto.

Sem dúvida se somos o que somos atualmente é graças aos inúmeros heróis que colocaram seu ideal na frente de tudo, lutou por ele como uma questão de honra, onde as ideologias não eram discursos vazios de hipócritas medíocres, mas de apaixonados idealistas. A maioria destes morreu sem ver seu sonho se realizar. Morreram sem saber como o mundo iria se lembrar deles ou se sua luta foi em vão ou não.

No trágico 11 de setembro muitos morreram. Tirando as vítimas inocentes quem morreu ali se sentia um herói. Os terroristas suicidas que se sacrificaram sonhando com um céu repleto de virgens, tendo a convicção que estavam fazendo a vontade de seu deus, defendendo o seu povo e lutando bravamente por isso. Os bombeiros que morreram tentando salvar vidas. Muitos enfrentaram perigos sabendo que não seria possível sair bem daquela situação, mas eles não recuaram, foram até o fim, morreram por isso, por um ideal. Podem dizer que comparar um terrorista matador com um bombeiro que salva vidas é inconcebível, mas no fundo todos eles estavam agindo por um ideal, nas suas consciências estavam certos. Fazendo cada um a vontade de seu deus.

Nas guerras o mesmo acontece. Tantos soldados de um lado como de outro morrem. Ambos lutam pelo seu país. Acreditam naquilo. Os representantes do país vencedor que morrem são heróis, já os nativos do perdedor são peças de um jogo fracassado, não têm identidade. Quantos morreram acreditando nas teorias nazistas? Sim, nós os condenamos, mas na época era o certo. Essas pessoas hoje são vistas como monstros, pessoas que simplesmente tiveram o desprendimento de acreditar em algo mais e morrer por isso. Sonhavam com um mundo melhor a sua maneira. Estavam errados, hoje a história nos mostra isso, mas eles nunca saberão disso. Morreram da mesma forma que Tiradentes, se julgavam heróis, talvez almejassem ter um dia do ano em sua homenagem, um feriado nacional, estátuas em praça pública, ter seu legado eternamente lembrado.

Mas isso tudo pra quê? Por que ser eterno na lembrança de quem nem ao menos sabe de fato quem foi. Se é assim é só investir em marketing pessoal, ter uma boa assessoria de imprensa, fazer atos de caridade PÚBLICA, adotar uma criança africana e pronto. Mas, morrer. O que vale a vida, o que vale a sua vida?

Não acredito mais em heróis nos dias de hoje. Observem que a maioria deles nos contos de fada ainda vive na idade média. E todo herói usa um disfarce, não pode misturar vida pessoal com seu legado. E o mais importante, heróis nunca morrem. Mas na vida real não há roupa fantástica com cueca por cima do uniforme, não há super poderes e os heróis morrem e muitas vezes são visto como vilões.

Talvez seja por isso que a hipocrisia reine. Por mais que saibamos de tudo isso gostamos da historinha de lutar por ideais e blá,blá, blá. Sabemos que é tudo um enorme jogo político, palavras vazias, frases de efeito, interesses ocultos que nem precisam de tanta camuflagem assim, afinal somos civilizados, entendemos a nossa necessidade de nos iludir conscientemente.

Mas o que realmente me preocupa é que o mundo de fato continua precisando de heróis. E eles estão extintos. Não vejo esperança, apenas ilusão. E se alguém se levantar e disser que quer salvar o mundo, infelizmente serei a primeira a perguntar: será que vale a pena? Será?

Construção

Quem me conhece sabe que não gosto de mudanças. Sou uma pessoa bem sistemática em se tratando de uma desorganizada nata. Acho que não sou bagunceira, apenas fui me acostumando com as coisas estarem fora dos seus lugares, com a espontaneidade de jogar uma roupa no chão, o prato displicente na cozinha, a roupa se aglutinando suavemente no cesto, a poeira enfeitando o chão, o cheiro natural dos nossos porcos vizinhos. Tudo assim muito trivial e belo...

Não gosto de quando mudam as estações. Principalmente da primavera para o verão. Quer queira ou não, as desconstruções acontecem. Fui muitas pra chegar a ser eu e nem sei quantas serei pra ser alguém que deixará de existir. Bem, isso é com todos nós. Quando é que chegamos num determinado período e dizemos, pronto esse sou eu, cheguei até aqui? Podemos falar que é na idade adulta, mas mesmo assim mudanças gradativas vão acontecendo. Caminhamos para o despenhadeiro da velhice. Será que é lá que encontramos todas as respostas? Quando não restam muitas ilusões, onde a maior parte das vaidades se foram, onde nos encontramos com tudo que fomos sem forças e nem tempo pra se reinventar. Talvez se vivêssemos eternamente continuaríamos sempre deixando de ser quem somos pra ser outro alguém, melhor de preferência, ou pior.

Como qualquer mortal me reconstruí algumas vezes. Não é fácil, confesso, principalmente para mim, que sou como sou. Mas digo que minhas construções por piores que tenham sido me serviram pra algo. O melhor é quando a gente se desconstrói e se reconstrói e se reafirma. Essa eu chamo de limpeza, aperfeiçoamento, evolução enraizada.

Dizem que o segredo pra ser feliz é o desapego. Discordo. Então feliz é aquele andarilho, que tudo ou nada ama. Que tem vários amigos, mas nenhum em especial. Que não precisa de ninguém e se dá bem com todo mundo. Aquele que transa com todo mundo, faz vários filhos e sai pelo mundo afora sem se apegar a nada. Que não tem nome, mas apelidos sazonais. Aquele que vive trocando de emprego, de cidade, que não tem raiz. Que não sente saudade, nem ciúme. Esse nem à sua vida tem amor. Tanto faz, tanto fez. Dizem que esses são felizes, até acredito, os hipócritas e vazios estão aos montes por aí. O budismo pode não defender essas coisas, mas analisando friamente apenas o lance do desapego é por aí mesmo.

Em resumo, se você tem uma casa boa cuide dela, faça reformas, uma pinturinha, aumente-a, faça um segundo, terceiro andar. Se não tem, invista numa. Agora viver de aluguel é furada.

Boa obra!

sábado, 17 de janeiro de 2009

Desencanto imprevisto

Sabe aquelas situações em que você sabe que deveria estar sentindo determinada coisa e na verdade não se sente nada daquilo que manda o script? Pois é, essas situações podem acontecer na vida de qualquer um. Nos vemos obrigados a atuar nesses momentos ou passar por inapropriado na sociedade. O pior não é quando nós não nos comportamos como os outros esperam, mas quando você percebe que suas próprias expectivas são frustadas, como comprar um sanduíche nesses fast food e ver que o tamanho real deles é bem aquém do que você tinha em mente.

Muito do que esperamos da vida é ditado pela sociedade, impressos em nossas mentes pelos filmes, novelas, músicas, o "todo mundo diz". Construímos nossas expectativas a partir disso, formamos nossos sonhos, cristalizamos padrões para o que nem sabemos como será. A formalização dos sentimentos, como se tudo fosse previsto, o que deve ser para ser considerado normal.

Lembro do meu primeiro beijo. Foi a coisa mais frustrante que já fiz. Na época tinha 13 anos e queria saber como era beijar, afinal nos filmes sempre tinham aquelas cenas molhadas onde o casal grudava os beiços e rodava a cabeça com uma música melosa no fundo. Toda novela tem aqueles beijo dos mocinhos em que as televiciadas suspiram de emoção. Beijo portanto parecia ser a coisa mais encantadora, mais gostosa que há. Talvez, pensava eu, seja mais gostoso que sorvete, ou melancia, ou aquele biscoito que eu amava na época. Beijo deve ser bom demais! Na minha curiosidade achei outra pessoa nesse mesmo desespero que queria deixar de ser boca virgem, queria saber como é. Um perguntou pro outro se queria experimentar. Bocas se encontraram, molhado. Um, dois, três; é acho que valeu. E aí? Nada. Cadê a música no fundo, as borbulhas no estômago. Cadê a explosão de sensações e sentimentos??? Pelo menos alguém gravou pra sair na televisão? Nada, nada, nada. Beijar era CHATO! Sem graça, sem gosto, melhor comer uma coisa gostosa. Lembro que pensei que as pessoas que gostavam de beijo eram ridículas e que talvez a vida não tenha tanta graça como eu imaginava. Nunca mais nos beijamos, pra falar verdade perdeu a graça.

Outros momentos de desencanto foram quando algumas pessoas conversando comigo ou perto de mim e começam a chorar e eu simplesmente não sentia nada. Nada! Sabia que não era apropriado mostrar minha indiferença, portanto tinha que fingir minha compaixão, minha tristeza solidária. Tentar colocar umas lágrimas pra ajudar a mostrar minha suposta comoção. Talvez pior do que externar falsas lágrimas seja engolir gargalhadas inconvenientes. Principalmente em igrejas ou momentos solenes sinto vontade de rir. Horrível. Quando é necessário a seriedade, corações contritos, aquela hipocrisia toda, aquela formalização me faz cair na gargalhada. Não é de propósito, não sou de provocar nem desafiar ninguém. Mas é terrível. Essas coisas me fazem sentir como sou um ser humano esquisito. Certas peculiaridades que não mostravam na TV me assustavam. O mundo não é tão simples quanto imaginávamos. Certas emoções sublimes que se imagina ter em algumas ocasiões simplesmente não surgem e outras que não constam no calendário formal surgem com toda força.

Às vezes o simples encanta mais que a pompa, o inesperado nos surpreende trazendo o verdadeiro encantamento que foge dos estereótipos tornando as coisas reais. Ver beleza na realidade é para poucos. É fácil se apaixonar por um personagem, pela idealização de um momento perfeito, pela utopia das sociedades. Essas coisas nos impulsionam a melhorar e de certa forma interfere na realidade. Mas padrões são apenas padrões, convenções de algumas pessoas que resolveram formalizar certas coisas. A ilusão é um ponto de vista da realidade ou o que esperamos que ela seja ou a fuga dela. Sempre partimos da realidade, sempre. Conseguir ver beleza nela é a verdadeira arte.

Nos meus momentos mais encantadores o que mais me marca é o silêncio. Aquele silêncio não pela falta de dizer, mas por que palavras se tornam insuficientes pra externar as sensações. Aonde a conexão vai além do que se quer expressar, mas sim no que se sente. No que vem de dentro. Esse nível é difícil de alcançar por isso é tão belo e encantador. Palavras são escolhidas, dissimuladas; não que um olhar, uma expressão não possa ser fingida, mas a mensagem enviada através do silêncio penetra mais fundo. Creio que sabemos interpretar melhor olhares do que palavras. Vivi encantos inesperados e esperados. Às vezes os padrões valem, o esperado acontece, mas estar preparado para o que vai além do roteiro ajuda muito.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Cada um com sua consciência

Antes de iniciar, gostaria de dizer que não tenho a pretensão de dar nenhuma resposta aqui, nem mesmo uma opinião formada, portanto se você quiser contribuir com algo sinta-se a vontade.

Passamos pelo Natal que é uma festa religiosa e durante todo ano temos um calendário repleto de feriados religiosos de santos disso e daquilo, nossas senhoras e os feriados cívicos. Sem dúvida a religião influi a sociedade como um todo coletivamente e não apenas individualmente. As escolas, por mais laicas que se digam, usam o discurso religioso como justificativa para afirmarem que fazem parte da cultura do povo.

O estranho disso tudo é que por sermos um país multicultural e multirreligioso as crenças se batem, uma vai contra a outra. O bom disso é que cultivamos a tolerância e isso é maravilhoso visto que muitas guerras que ocorreram foram por motivos religiosos. Mas de certa forma as religiões acabam se enfraquecendo. Vejam bem, a religião explica o mundo em sua totalidade, ela responde os porquês de quem somos, da onde viemos e pra onde vamos. Não há meio termo. No monoteísmo que é a crença predominante no ocidente só há um Deus, uma verdade apenas. Se existe x não existe y. Não tem como existir os dois e com essa noção as pessoas acabam achando que talvez não exista nada ou pior, exista tudo. Isso leva a superficialidade das doutrinas. Não que as religiões acabem, elas são necessárias, pois trazem conforto, socializam mantém a tradição, fazem parte da cultura. Mas seu lado místico acaba esmorecendo, vira apenas mais uma tradição como assistir novela, ir no futebol. É como ler um livro de contos de fadas, papai Noel para os adultos. Bonitinho, legal, entretém mas na verdade na verdade mesmo as pessoas não parecem acreditar de fato no que professa sua religião.

Sim, há os puritanos, os que realmente acreditam na sua religião, os fiéis chamados de fanáticos. Esses hoje em dia são minoria. São achados mais nas classes baixas de pessoas com pouco estudo. Não que os que tenham fé sejam ignorantes, é que muita coisa que as doutrinas diziam ser pecado caiu como tabu, preconceito, discriminação. Se você disser que é contra a camisinha, é um alienado, a maioria dos católicos não concordam com isso. Casar virgem é algo que não acontece mais como antes. E mesmo antigamente os noivos iam pro altar conhecendo os prazeres da carne, se não fosse com sua noiva era com as mulheres da vida. Ou seja o que era pecado ontem deixa de ser hoje ou é pecado apenas pra um gênero. A sociedade evolui culturalmente ao passo que as religiões às vezes evoluem, outras vezes simplesmente fazem vista grossa.

Não dá pra rasgar a bíblia e dizer que algo não está escrito. Ela não defende os gays, condena a fornicação mas os homossexuais e os fornicários (todos que transaram antes do casamento) não se acham merecedores do inferno. Matar é pecado mas matar durante uma guerra pode. Matar um criminoso em lugares em que há a pena de morte não é pecado.

Não temos mais certos e errados absolutos. Tudo depende da sua consciência. Se você acha que pode então faz. Tem gente que acha que pode roubar e não sente um pingo de remorso, os políticos devem ter esse dom, outros matam e se sentem felizes, leves e dormem feito bebês. O único erro condenável pela sociedade é julgar o outro. Se você apontar o dedo alguém vai lá e te crucifica. Quem somos nós? Devemos apenas torcer que alguém tenha uma consciência sensível para não nos prejudicar, pois se tiverem podemos ser vítimas num mundo onde não há vilões, apenas pontos de vista diferentes.

A impunidade aumenta a cada dia. A lei é para inglês ver, na realidade pouco funciona. Nossa sociedade permissiva se vende a tudo. O maior criminoso é inocentado graças a retóricas, brechas na lei que um bom advogado consegue encontrar.

Dizem que a justiça vem a cavalo, mas acho que talvez a justiça nem venha. Talvez nós a tenhamos matado quando convidamos o relativismo pra fazer morada em nosso meio.

Filhos

Por que temos filhos? Esse impulso é da auto preservação da espécie, instintivo, muitas vezes estamos correndo atrás disso inconscientemente. Disse Deus: "Crescei e multiplicai".

Hoje não precisamos mais multiplicar tanto, aliás já somos muitos, mais do que o bastante até. Mas refiro-me aqui a qual é o motivo que damos a nós mesmos pra ter filhos. Algumas assim o fazem como uma forma de "enricar", afinal engravidar de um Ronaldinho Fenômeno ou Mick Jagger não é nada mal. Outras apenas querem dar o golpe da barriga, não por dinheiro mas por amor. Tão velho quanto à natureza humana. Não condeno, afinal só cai nele quem quer e como tudo na vida precisa de um motivo, poucas vezes temos a hombridade de nos responsabilizar pelos nossos atos. É culpa do destino, acaso, Deus quis assim, às vezes não temos controle mesmo mas há momentos em que simplesmente nos encolhemos e nos entregamos a inércia.

Voltando aos filhos e suas motivações encontramos algo além de usar a barriga pra conseguir algo ou alguém. Muitas vezes o que se quer é o filho em si. Aquele serzinho indefeso, sangue do seu sangue, aquela incógnita, realizar um desejo íntimo, social, psicológico. Dizem que esse tipo de gravidez é por carência, é como ter um animalzinho, preencher um vazio. A diferença é que com animais é tudo bem previsível. Escolhendo bem o tipo e a raça você sabe bem como agir com ele pra ter o que espera. Mas ser humano não é bem assim. Tirando os primeiros meses em que todos são quase iguais (máquinas de cagar, mamar, peidar e dormir), eles são bem diferentes entre si, diferentes dos pais, ou não.

E outra coisa: eles crescem. Os animais chegam num estágio e estacionam, filhos não. É uma mutação ambulante e constante. Eles podem dizer te amo e te odeio. Enquanto crianças um ou outro não faz muita diferença, afinal eles precisam de você de qualquer jeito. Mas o que realmente diz quem eles são é quando crescem e não precisam mais de você para sustentá-lo, pra trocar suas fraldas. Aí você vai ver o que criou. Há filhos maravilhosos. Aqueles que te apóiam, que fazem com que tudo tenha sentido, que te realizam como ser humano e faz com que sua missão na terra tenha sido cumprida. Nada como o amor de um filho feito, adulto que por opção escolhe pajiar seus pais, estar com eles, segurar em sua mão assim como eles fizeram contigo quando era indefeso. Muitos depositam nos filhos suas expectativas de uma velhice segura e confortável. Já nascem com o fardo em suas mãos, a herança de ter que carregar idosos exigentes de afeto e atenção para o resto da vida de seus genitores. Mas nada mais justo, afinal, se não fossem eles você teria sido criado por um orfanato. Mas as coisas não são tão simples. Há pais e pais. Nem todos merecem gratidão, afinal bem plantaram o que agora querem colher.

De outro lado temos os filhos ingratos. Esses se multiplicam por aí. Filhos de uma sociedade imediatista que despreza o ontem e vive o hoje. Os pais foram úteis, amanhã não serão e nem hoje. Por que se esforçar em agradá-los? Não haverá retorno. Preferem viver da melhor maneira seus anos de juventude e deixar os velhos com seu passado, sua senilidade, suas dores da idade, seu vegetativo estágio de espera da morte. Dizem que a vida nem sempre é justa; pois é, sabemos disso e preferimos ser os injustos a injustiçados, não que não possamos mudar de lugar, mas pelo experimentamos os dois lados e não haverá decepção. Muitos desses filhos ingratos põem seus pais em asilos, os abandonam nas ruas, ou simplesmente os entregam a solidão de uma casa vazia vivendo debilitadamente, afogados em lágrimas onde nem um telefonema sequer de seu filho recebem, quanto mais uma visita. Pois é, eles não sabiam que a vida é injusta para alguns. Esses se decepcionaram. Muitos rezam na expectativa do céu, outros perderam a fé. Muitos deles se matam. É o mundo em que vivemos.

Será que vale a pena ter filhos? Abdicar de sua vida, muitos de seus sonhos pra satisfazer os desejos de um outro ser? Sim, vale. Não sabemos muito do futuro, mas vale a pena pela luz refletida no olhar de seu filho, pelo sorriso, pelo "eu te amo", pela sua voz ou apenas por ser chamado de mamãe ou papai. Quem sente esse desejo no coração com certeza deve assumir os riscos. Afinal nada na vida nada é garantido. Se seu sonho for ter um filho ou mais, vá adiante, realize-se, dê o seu melhor, seja feliz. Expectativas? Sim, são boas, mas saiba que tudo é possível, mas não pense no pior. Geralmente quem planta caju não colhe manga, mas nesses tempos de manipulação genética nunca se sabe. Filhos, melhor tê-los; isso é, se você quiser e tiver coragem pra tal.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Apenas o amor-próprio basta?

Independentes emocionais. Isso, não podemos precisar de ninguém, devemos ser felizes sozinhos. Primeiro se ame. O outro será apenas uma companhia. Assim comunga a sociedade moderna, assim ditam os livros de auto-ajuda. Seja você, apenas você.

Na verdade essa é a melhor forma de não se decepcionar, não esperar nada de ninguém. Criar laços superficiais facilmente substituíveis por outros. Assim fica mais fácil, menos perigoso, mais raso, vazio, medíocre.

Infelizmente nos dias de hoje as pessoas temem se entregar, não fisicamente, aliás parece que a insensibilidade emocional cresce proporcionalmente ao liberalismo sexual. As pessoas em geral, em especial as mulheres, buscam se conectar com alguém através de um momento efêmero de prazer. Algo além disso é perigoso. Se não podemos amar podemos gozar ou pelo menos tentar.

Não me espanta o aumento vertiginoso da depressão nos dias atuais. Seres humanos foram programados geneticamente para o contato humano, para laços profundos, nosso cérebro procura essa estabilidade, mas como não podemos confiar em ninguém, nos entregamos ao individualismo .

Para sermos gerados precisamos de duas pessoas, apesar da inseminação artificial e toda modernidade tecnológica é assim que as coisas funcionam. Ao nascer, o bebê precisa não apenas do alimento, mas do calor, sensação de proteção, afeto. Brincar sozinho é até legal, mas certas coisas se tornam mais interessantes em grupo. Ninguém consegue sentir o turbilhão de emoções da paixão por si mesmo. O outro desperta o melhor e o pior em nós.

Nascemos sozinhos, mas pra isso precisamos de alguém pra nos expelir do lugar que estávamos. Alguém pra cortar nosso umbigo. Morremos sozinhos, mas não vivemos completamente sós. E morrer acompanhado pode amenizar seu sofrimento, afinal ter alguém pra lhe aplicar morfina, segurar na sua mão é melhor do que morrer agonizando sozinho.

Perdoe-me se estou sendo piegas, mas não me envergonho de sê-lo. Quando é que falar de sentimentos se tornou démodé? Por acaso no lugar do coração temos um HD?

Viver sem amor não faz sentido. Se existe algum sentido na vida é este. Lembro-me de um livro que a maioria conhece que é o "O Mais Importante é o Amor". Li, gostei. Esse título parece que a cada dia se torna mais real.

Quando você está num momento de apuros e pensa que talvez sua vida acabe naquele instante você não pensa nas suas roupas, nos seus bens materiais, mas naqueles que você ama que se importam com você e é por eles que lutamos. Por isso que queremos ser lembrados, não por quem não nos conhecia, pelo menos eu não vejo sentido em alguém olhar uma foto minha e não saber de fato quem fui e não ter importância na vida desta pessoa. Não é a toa que se vendem seguros de vida e que acumulamos bens pra deixar de herança para nossos entes queridos. É um último presente, um carinho, um "não se esqueça de mim, fique bem apesar de minha ausência"

Pena que a sociedade está cada vez mais afogada nos prazeres efêmeros e perdendo os valores familiares, fraternos. Nenhuma droga, nem crack, álcool, ecstase substitui a confiança do outro, a integridade, o amor recíproco. Nada.

A liberdade se transformou em libertinagem e esta deixou muitos perdidos. Liberdade demasiada se configura abandono.

Não é a toa que o capitalismo liberal ciclicamente acaba com um caos, uma grande crise. Estamos vivendo-a seja economicamente, seja socialmente. Precisamos reavaliar nossos parâmetros. Se uma coisa não está dando certo é melhor estudar novas estratégias, afinal viver não é só acumular bens, mas sim ser feliz. Será que estamos conseguindo isso?

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O anti-feminismo biológico

Estamos vivendo uma era em que a mulher tem tantos direitos quanto os homens. Nós votamos, somos votadas - a prefeita de minha cidade e ex-governadora é um exemplo disso - somos chefes executivas, somos tudo. Nós mulheres temos o mundo em nossas mãos. Usamos roupas masculinas, temos mais opções no vestuário, saia, vestido, macacões, calças, diversos modelos de blusas, etc., e os homens no tradicional paletó e gravata ou bermuda ou calça e camiseta.

Mas parece que apesar de tanto avanço social a mulher biologicamente não mudou muito. A natureza nos fez inferiores. Sim, queridas, inferiores.

Pra uma vida ser gerada basta tão somente que o homem ejacule dentro de nós, o orgasmo feminino é irrelevante na reprodução.

Os homens podem fazer filhos até enquanto a saúde permitir. Já nós, temos prazo de validade. Depois de certa idade nossos ovários param de funcionar. Por isso que é tão comum de se ver coroas com garotas, já mulheres maduras com garotões soa estranho, irreverente, engraçado, ridículo.

Mulheres são mais cobradas quanto a beleza. Somos ainda objetos que o homem compra. As ditas decentes se vendem no casamento, as mais moderninhas se alugam ou outras bondosas simplesmente se emprestam e são devolvidas a contra gosto, pois depois de usufruir muito eles perdem o interesse.

Mulheres podem morrer ao procriar, ao homem basta gozar. Engraçado, toda parte trabalhosa, chata, perigosa da perpetuação da espécie ficou conosco. Além disso, temos os incômodos da TPM, menstruação, depilação, menopausa e afins. Ia me esquecendo, homem faz xixi em pé e nós, vocês sabem.

Apesar de tudo ser mulher é bom. Muitos nos invejam, há mais travestis homens querendo ser mulheres do que mulheres se travestindo de homens. Ser mulher, poder gerar uma vida, é encantador, divino. Mas se eu pudesse escolher pensaria duas vezes antes de ser mulher novamente.

Mentiras

Sou da seguinte opinião: a verdade é sempre melhor. Odeio mentirosos, de verdade. Me dá uma raiva os enganadores que prejudicam as pessoas e fazem com que elas percam a confiança no outro.

Igualmente odeio ditos sinceros demais. Crianças costumam sempre falar o que pensam, mesmo que isso desagrade o outro. Essa forma direta de tratamento é tão ou mais prejudicial que a mentira.

A enganação, a mentira enquanto não é descoberta geralmente é boa. O mal é quando descobrimos que aquilo não era bem aquilo. Na verdade, em suma nós preferimos a mentira, esperamos, imploramos para ouvi-la e como querer é quase poder ouvimos o que queremos e reclamamos que aquilo não é o que mostrava ser.

Pra exemplificar vamos falar dos chats em que as pessoas se descrevem sempre lindas e maravilhosas, na verdade o outro quer ouvir isso. Se disser que é feio, narigudo, pobre e dentuço o outro se decepcionará. O mesmo quando a pessoa diz que a outra tá linda. Muitas vezes a pessoa não quer uma opinião sincera, apenas um elogio. Quando o funcionário chega atrasado e mente o patrão até sabe que aquilo pode ser enrolação, mas é melhor do que ouvir que resolveu dormir mais um pouco porque a cama tava gostosa. Às vezes a verdade soa como um desaforo, pouco caso, indiferença.

As crianças clamam pela mentira, o mágico vive dela e a maioria do entretenimento é feito pela enganação. Mas aqui sabemos que estamos sendo enganados, então não há decepção. É ela que estraga a beleza da mentira. A descoberta da verdade, o de ser enganado contra a vontade.

Se te pedirem pra dizer a verdade mesmo diga, se não diga o que querem ouvir, isso parece ser o básico pra se conviver bem em sociedade. Infelizmente somos impulsionados a viver na hipocrisia, ou, digamos, num eufemismo cortês.

Nenhuma novidade aqui, apenas falando uma verdade da vida, afinal nem só de mentiras vive o homem.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Natal e Ano Novo

Todo mundo feliz comemorando o final do ano. Que bom que eles fazem assim. Afinal é o que manda a mídia, o comércio, a sociedade, as igrejas.

Já gostei de natal e ano novo quando criança, mas no fundo sentia uma ponta de tristeza. Lembro quando criança minha família sentada à mesa comendo o frango assado, meu pai ali presente, parecíamos e éramos uma família de verdade, tudo muito simples. Tínhamos que fazer como mandava a tradição, eu não gostava, mas era bom pela tentativa. Sempre gostei de eventos mais particulares, não sou de muita multidão, nisso pareço com meu marido, essas coisas começam até bem depois me deprimem.

O que mais prezo é a sinceridade dos sentimentos e isso se pode ter em qualquer momento. Falsidade me enoja. Não vou dizer que odeio o natal, apenas perdeu o sentido, mas acho bonito pra aqueles que são sinceros nos seus sentimentos e que conseguem viver essa ilusão sem hipocrisia. Mas se meus filhos disserem que querem o papai noel não vou ser uma corta-prazeres, afinal é tão bom acreditar nessas coisas enquanto se pode.

Principalmente aquelas pessoas que realmente acreditam no mistério da fé e não apenas pela tradição. Hoje em dia tá tudo muito artificial. Fingimos, fingimos, fingimos. É como numa festa a fantasia, colocamos a máscara e "vamo que vamo". Bonito era quando a fantasia era sentida de verdade, algo místico, de dentro pra fora.

Tirando os poucos que realmente vivem essas festividades no seu genuíno significado o resto é o resto. E esse resto eu desprezo.

O que vale é o DIA A DIA e não uma data em que se gasta mais do que tem por causa de uma histeria coletiva, uma emoção vendida pela mídia em que afeto se traduz em mercadoria e alegria é sinônimo de alcool e desperdício de comida.

Não queria crescer

Quando se é criança os anos parecem intermináveis, o futuro é algo além do horizonte numa aurora fresca e instigante. Sonhos. A vida nessa fase é uma grande brincadeira onde se pode ser o que quiser e no futuro ser qualquer coisa, ter a profissão mais glamourosa, viver os momentos deslumbrantes e cinematográficos. Com o tempo, com a calcificação dos ossos, com o fechar da moleira, com o nascer do ciso nossas opções vão se fechando, afinal você descobre que há habilidades que não tem e nunca terá, oportunidades que não voltam e tudo começa a se afunilar, seus sonhos começam a virar realidade e certas coisas simplesmente são impossíveis.

Não que crescer seja de todo mal, afinal a outra alternativa é morrer jovem e isso ninguém quer, pelo menos não conscientemente. Apenas sonhar sem realizar nada não é o que almejamos. Frustrações fazem parte da vida e lógico que de todos os sonhos alguns são realizáveis e esses nos fazem felizes. Mas com o tempo até as realizações sonhadas viram passado e o que se tem pela frente, bem, há momentos em que não há muita coisa. Em que temos mais passado que futuro e o que se espera dele não pode ser muito.

Suas principais escolhas são feitas na juventude, acredite isso é cientificamente provado, com o tempo seus neurônios vão enfraquecendo, seu corpo vai perdendo o vigor. Aquela máxima de que a vida começa aos 40, só se a vida for sinônimo de decadêcia. Sim, começamos a morrer quando nascemos, mas a descida fica mais intensa depois da meia idade; nas mulheres é ainda pior. Os hormônios cessam, os ovários se aposentam e ficamos assim calorentas, estéreis, menopausadas. Tudo isso todos já sabem, nada acrescento. Mas digo essas palavras nada doces pra descortinar o eufemismo da sociedade que ainda insiste em nos tratar como crianças ao nos empurrar sonhos e ideais irreais. Feliz daquele que engole isso tudo. Felizes daqueles que cultivam em si a inocência do olhar de criança. Que acredita em mentira - falarei sobre ela em outra oportunidade. Felizes são os ignorantes, pois qualquer "iêiê" sem motivo os alegra. Porque se você procurar muito sentido nas coisas pode se frustrar e ver que a fantasia é a alternativa que as crianças instintivamente usam pra terem ânimo pra viver. Pena que crescemos...

A solidez da instabilidade

O esquisito da vida é quando você percebe que o tempo está passando.

Tudo parece ser tão legal, mas nem sempre é legal pra você. Dizem que a vida é boa, que o bem vence o mal, mas as vezes chega uma hora que nada faz sentido. Nem a inocência, nem a revolta, nem a inércia leva alguém a lugar algum de verdade. Parece que andamos em círculos procurando ou sendo procurados pelos nossos vícios, somos cães que mordem o próprio rabo.

Acho que a melhor fase é a da infância mesmo com todas aquelas perguntas sem respostas, com aquela preocupação dos “velhos” em que vc não se resfrie e como os alimentos certos e que vc estude e tal. Parece que um dia vc irá entender tudo, dominará esse mundo, e que será dono do seu nariz.

Depois vem a triste fase da adolescencia. Mais perguntas, menos inocência, revolta, força, hormônios, lógica e abstrato se confundem, promessas, esperança, futuro. O tempo passa e sua revolta não te leva muito longe, das suas perguntas da infância se descobre que nunca ninguém soube responder e as respostas que vc conseguiu não são aquelas que se esperava e mudar mesmo é muito difícil tanto a si mesmo quanto mais o mundo e as coisas que um dia vc pensou fazer diferente. Parece que a garganta cansa de gritar, as pernas cansam de pular e um pouco de conforto se faz necessário pra sobreviver. Mas será possível calar a indignação sendo hipócrita e negar o que se tem de mais bonito dentro de si?

Às vezes é necessário que realidade e fantasia se confudam. Não se sabe mais o que é loucura, devaneio, certo, errado. Tudo parece ser tendência, moda, trocam da mesma forma de roupa, de dieta, de religião, de partido, de valores. Tudo é confuso e parece que sempre foi assim e sempre será. A instabilidade é a marca registrada desse mundo, onde previsões quase sempre não se concretizam e para enlouquecer as vezes acontece exatamente como se previu.

A vida é construir, desconstruir, tudo parece um castelo de areia. Mas eu insisto em usar cimento, concreto, vergalhão e construir alicerces bem fortes.

Olá

Meu nome é Arlene Mulatinho e eu quero falar. E vou falar. Espero contar com sua leitura e comentários. Seja livre para discordar, criticar ou até mesmo elogiar.

Bem vindo.