Translate

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Perdão à Igreja

A história mostra que nem sempre o mundo foi bonzinho com ideais tão humanitárias como é hoje. Para chegarmos até aqui muitas cabeças rolaram, muitos sacrifícios foram feitos, seja em prol da nação ou da fé, houve um tempo que ambos se confundiam, laicismo é algo moderno.

Na época do Velho Testamento, muitos morreram por disputa de qual deus era o mais forte, animais eram sacrificados, pessoas eram apedrejadas não só entre os judeus, mas nas regiões vizinhas. Na Bíblia encontramos exemplos disso como os grandes extermínios, banhos de sangue contra os inimigos. Essa era a realidade inquestionável de um tempo que ainda se perpetua em alguns ainda hoje.  O mundo foi evoluindo e algumas práticas deixaram de existir, os cristãos tentaram iniciar a era paz e amor deixando de apedrejar mulheres adúlteras por exemplo. Mas no resto do mundo muitos ainda praticavam coisas que hoje achamos desumano, pessoas tinham suas mãos cortadas se fossem consideradas ladras, outras por acreditar em deuses diferentes de seu país, sacrifícios humanos em nome das diversas divindades, sacrifício de animais ocorre em algumas religiões até hoje.

A Europa tinha diversas religiões antes do apogeu do Catolicismo. Como o Catolicismo tem suas bases judaicas  considerou que as divindades cultuadas era malignas. A prática da magia era comum em várias partes do mundo como na Europa, África, na América. A magia negra causa muito medo nas pessoas até hoje. Na África por exemplo essa é uma realidade bem forte. O que hoje para muitos de nós é apenas ignorância, misticismo, superstição era um terror que assolava muitas pessoas ou até cidades inteiras. Era esse o pensamento de uma época e teve seu apogeu na Europa na Idade Média. A Igreja Católica cometeu então um dos atos mais bárbaros que é condenado hoje em dia: a Inquisição. Milhares de pessoas foram queimadas na fogueira acusadas de serem bruxas. Muitas foram apenas por discordarem das ideias da Igreja, erros foram cometidos nessa época que hoje é reconhecido pela Igreja. Há o caso famoso de Joana D`Arc e outros que mostra a injustiça que se deu nesse tempo. A Igreja pediu desculpa por esses atos. Fato que mostra que a Igreja reconhece que falha. Mas observando as outras opções, vejo que a maioria das crenças falharam. As ideologias falharam. Muitas religiões sacrificavam crianças recém nascidas, jogavam pessoas dentro do vulcão. Há religiões  que  mandam matar os homossexuais, a Igreja por pior que tenha sido, não matava pessoas pelos seus pecados, mas pelo que achava que era uma ameaça a ela. Por exemplo a Igreja não queimava pessoas por ela ter roubado, ou ter feito sexo fora dos padrões morais estabelecidos pela doutrina católica.  Ideologias políticas mataram até bem mais, o nazismo, o comunismo por exemplo destroçavam pessoas por ser de grupos considerado indesejáveis. Poucos divulgam mais o comunismo e nazismo não eram ideologias religiosas e matavam homossexuais.

Vendo tanto banho de sangue, tanta divergência de pensamento, percebo que o ideal humanitário que muitos defendem ainda é algo bem novo. A humanidade caminha por terrenos tortuosos onde a violência era um recurso considerado necessário para a sobrevivência. Se hoje julgarmos o passado veremos muitos erros baseados na nossa atual perspectiva humanitária de mundo e ideais iremos condenar quase todas instituições. Um pensamento muito difundido atualmente é o não julgamento, o relativismo.  Se bem que se levarmos isso ao extremismo fica complicado a vida em sociedade, pois padrões sociais nem que sejam mínimos são necessários. Mas se analisarmos o passado com desprendimento, considerando as influências diversas, a realidade de cada tempo, veremos que cada coisa foi como se se entendia que tinha que ser. Sem, lógico, desmerecer as consequências, mas também sem demonizar tudo. Por isso hoje eu compreendo a Igreja Católica e prefiro perdoá-la desses atos. Porque a maioria das instituições falharam segundo nossa ótica atual e apesar disso muitas delas contribuíram de algumas forma com suas contribuições positivas.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Adeus para quem já se foi

Quando alguém que foi muito importante morre mesmo depois de estar afastado é homenageado. Tivemos um exemplo disso recentemente, o ator que interpretou o Chaves, Roberto Bolaños faleceu e recebeu várias homenagens, pessoas declarando seu amor eterno ao Chaves. Tudo muito bonito, mas a questão é que o Roberto não atuava há tempos. Ele não era apenas um idoso, mas estava muito doente, debilitado sem exercer suas atividades artísticas costumeiras. O Chaves se foi muito antes do Bolaños. A morte dele realmente deve ter doído para seus familiares e pessoas chegadas, disso não duvido, agora essa comoção pública não faz sentido. Não é o mesmo que perder o Sílvio Santos que atua até hoje com muito talento. O público ama o artista ou o personagem? Por que as pessoas misturam os dois? Entendo que enquanto está ocorrendo a atuação os dois se fundem, pois o personagem pega emprestado o brilho do artista. Mas no caso do Chaves já estávamos de luto pelo personagem a muito, muito tempo, já sentíamos saudades daquilo que já se foi.  Quem morreu foi o Bolaños que era muito mais que o personagem, mas para o público e a mídia em geral não foi bem assim.

Apesar de parecer ser algo apenas do mundo dos famosos, a morte dos que já se foram acontece com pessoas normais. Você deve conhecer alguns idosos que no passado tiveram uma vida brilhante e que agora estão no ostracismo devido seus problemas de saúde e até abandono familiar. Esse é o pior. Quantos avós estão abandonados por aí, deixados num canto qualquer por não serem mais considerados úteis. A vida só é vida mesmo quando é vivida e para ser plena precisa de interação com outros. Não adianta depois que morrer fazer alarde dos que se foram, mas que as pessoas já tinham enterrado em vida. Muitos fazem uso do sentimentalismo,  pior,  logo passam para questões financeiras de herança e tal. Pelo menos o Bolaños tinha seguidores de verdade, família e amigos que iam além do personagem. Infelizmente pessoas normais não tem isso. Muitas se empenham, lutam pelas suas famílias, pela sociedade e por não ter repercussão não tem a mesma sorte que o Roberto teve.


sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

"Não preciso de ninguém, eu me amo."

Não acredito em quem apregoa que apenas o amor-próprio como o suficiente. Quem se ama mesmo e se basta de verdade não fica toda hora alardeando isso, postando mil selfies, treinando sorrisos no espelho para mostrar sua melhor cara feliz. Quem se basta de verdade não precisa colecionar likes, não precisa da aprovação ou reprovação dos outros, nem da inveja, não liga para o recalque das inimigas, não tem espaço para 'beijinho no ombro'.

Quem se basta mesmo está em paz. Não precisa provocar, dizer o que é bonito de ser dito, aparentar algo para só impressionar. 

Por que não assumir a carência, a necessidade de se autoafirmar? Por que não ser sincero consigo mesmo? Pq se fosse pra ser mesmo feliz sozinho nem precisaria de face, era só se olhar no espelho, fazer monólogos sem espectador.

É mesmo impossível ser feliz sozinho.



terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Conto: Loucuras no Futebol Politicamente Correto



Dois times entram em campos o Atlético de Melão e o Regatas  do Café.  O primeiro cheio de atletas bem apessoados, alguns baixos outros altos, músculos definidos, equipe bem entrosada. O segundo  com jogadores altos, pernas bem torneadas e bastante confiante.  O juiz de aparência franzina que além de suas  habilidades futebolísticas é sociólogo, mestre em direitos humanos, doutor em filosofia.

Começa a partida. O juiz decide não jogar a moeda para decidir quem começa o jogo. Conta qual time tem mais negros e decide que o justo é começar por eles. Todos aceitam, afinal quem seria doido em desafiar o juiz logo no começo.

A partida começa equilibrada, os dois times com boa posse de bola, jogadas precisas e tiradas rápidas. Passa da metade do primeiro tempo e o Regatas do Café começa a apertar. Maurão, jogador forte, um dos maiores entre eles comete uma falta violenta contra Danilo, o melhor atacante do Atlético de Melão.  Silêncio entre os jogadores, Danilo grita de dor, não consegue se mexer.  Começa a discussão entre os jogadores do Melão com o juiz, Pietro, mais exaltado esbraveja:

_  Isso foi covardia, tem que ser expulso seu juiz!

_ A questão não pode ser vista dessa forma, não sabemos direito o houve.

_ Mas está claro, ele avançou contra o Danilo pra machucar mesmo.

_ Como você pode saber o que está dentro dele? Como pode julgar desse jeito? Por acaso é o dono da verdade?

_  O que devemos fazer então? Um cometer falta contra os outros porque ninguém sabe o que passa dentro do outro?

_ Você está premeditando.... Já avisou publicamente aqui, tudo que fizer  será considerado vingança. Onde está seu senso de ética? Vocês acham que eu não vejo isso?

_ O senhor Juiz só ver o que quer!

O juiz respirou fundo e disse bem firme:

_  Eu vejo pessoas  julgando e submetendo outras sem levar em consideração os motivos que levaram alguém a cometer seus atos, se é que cometeram.

_  Não há motivos, o motivo é trapaça!!

_ Muito comum julgar um negro, não  é mesmo?

_ Mas não é isso, a questão que ele cometeu a falta.

_ Isso é o que supostamente ocorreu, a acusação é você quem faz.

_ Todos viram, como vão te respeitar se nada fizer?

O juiz vira as costas e tira o Maurão de campo e Danilo é levado pela equipe médica. O jogo continua, minutos depois Maurão volta a campo. O técnico do Melão esbraveja enquanto a torcida do  Café delira na arquibancada.  No intervalo do segundo tempo os repórteres comentam o assunto elogiando a atitude do juiz. As câmeras mostram a falta, mas  alguns especialistas afirmam que não tem como afirmar se o Maurão tinha mesmo a intenção de fraturar a perna do atacante, que  num impulso é justificado atitudes mais impensadas, que principalmente, o Maurão por ser um jogador muito querido merecia voltar.

No segundo tempo  o time do Café retorna mais forte, domínio da bola e moral lá em cima. Marca o primeiro gol, por Maurão que leva a torcida ao delírio.  Marca o segundo minutos depois.  As faltas  continuam, o time do Melão fica mais na defensiva. Pietro, do Melão, avança sobre o Maurão que cai no chão gritando de perseguição. O juiz irado levanta o cartão amarelo. Começa a discussão:

_ Você foi mesmo capaz de se vingar. Isso não vai fazer seu time vencer.

_ Nosso melhor jogador foi atacado por esse verme. Você permite que ele volta e fica nisso mesmo?!

_   Ele se justificou e eu decidi que ele não tinha culpa. Você avisou e ainda o xinga.

O juiz levanta cartão vermelho.

_ Por que vermelho, seu juiz?

_  Você  acabou de cometer uma falta avisada contra um jogador afrodescedente e o xingou de verme. Isso é é ofensa racista.

_  Não seja por isso, você também é um verme!

_  Bonito, junta a isso ofensa contra homessexual. Você tem que ser preso!

_  Mas eu nem sabia que você era gay!


Regatas do Café ganhou o jogo, Maurão virou celebridade e o juiz escreveu vários livros, faz palestras e é professor universitário. 

O Pietro? Foi processado, perdeu dinheiro, os amigos viraram as costas, ficou deprimido, voltou pra sua cidadezinha no seu antigo emprego.